
tem dia que eu olho em volta e penso… quem projetou esse mundo?
quem achou uma boa ideia fazer um banco que não abra a porra da gaveta, uma mochila que massacra a coluna, um teclado que foi claramente desenhado por alguém que odeia dedos humanos?
o copo escorrega. a estante não encaixa. o sofá é bonito até você sentar.
e o botão do elevador, aquele maldito botão, precisa ser pressionado com a força de um deus grego pra funcionar.
isso é design.
não só o que é bonito.
mas o que funciona.
ou melhor, o que deixa de funcionar e vira parte da sua frustração diária até você nem perceber mais o quanto odeia as coisas ao seu redor.
e é justamente por viver nesse teatro de decisões medíocres, disfarçadas de “soluções”, que eu escolhi o caminho mais óbvio, e mais insano…
usar design pra transformar essa bagunça.
móvel, mochila, estante, relógio, boneco de plástico, tela de app, luz do banheiro, cadeira de reunião, tudo.
se existe, se alguém encosta, segura, olha ou tenta usar, então tem design ali.
e se tem design, tem potencial pra dar errado, e quase sempre já deu.
o que eu quero fazer nos próximos anos é isso.
pegar esse mundo cansado, saturado de soluções meia-boca,
e tentar, com inteligência, ironia e um time de pessoas incríveis, redesenhar o que ninguém mais tá com paciência de consertar.
sem prometer revolução.
mas com uma urgência quase pessoal de parar de aceitar que “a vida é assim”.
porque não, não é.
a vida só é assim porque alguém fez escolhas ruins. e ninguém voltou pra corrigir.
e é aí que entra o design.
não como enfeite.
mas como ferramenta bruta de transformação cotidiana.
e é exatamente isso que vamos fazer na rg design.
um lugar onde não se projeta só “coisas”.
se projeta vivência.
se questiona cadeira, mesa, embalagem, interface, cronômetro, estrutura.
se pergunta… por que isso existe desse jeito?
e mais importante… por que ainda não melhoramos?
e não tô falando de fazer o novo pelo novo.
tô falando de fazer o certo.
o que funciona.
o que respeita quem usa.
o que não precisa de manual, nem desculpa.
e com origem…
porque o que tem origem não grita, não performa, não pede validação. ele simplesmente existe, porque precisa existir. nasce da necessidade crua, da função nua, do material que impõe limite e dá forma. o que tem origem não quer impressionar, quer resolver. não nasceu pra palco, nasceu pra uso. e é justamente por isso que dura, que impacta, que muda. o resto? o resto é só barulho com prazo de validade e ego demais pra admitir que nunca teve motivo pra estar ali.
e no fundo, o que me move é isso e é tão simples que pode parecer banal…
eu tô cansado de viver num mundo cheio de “tá bom assim”.
tá nada.
então sim, vou dedicar os próximos anos da minha vida a isso.
a desentortar o cotidiano com design.
a deixar um pouco menos torto o caminho entre você e o que você quer fazer.
a devolver pras pessoas o prazer silencioso de usar algo e simplesmente pensar…
“até que enfim.”
sem glitter.
sem glória.
só design.
da mochila ao botão.
da mesa ao momento.
da RG pro mundo.