
uma vez que você sai da esteira, nunca mais quer voltar. a sensação de deixar pra trás aquele ciclo insano de acordar, se arrastar para o trabalho e passar o dia cumprindo metas que não têm nada a ver com você, só pra no fim do mês garantir o salário, é libertadora. mas não se engane: essa liberdade tem um preço, e não é só sobre ganhar no jogo. o caminho fora dessa rotina não é fácil nem sempre glamoroso.
antes de mais nada, a ideia de que “sair da esteira” significa nunca mais trabalhar é uma fantasia. você ainda vai ralar – talvez até mais do que antes. a diferença é que agora você faz isso nas suas próprias condições. o clichê de “trabalhar por conta” parece uma utopia até você perceber que, junto com a liberdade, vem o peso de estar sempre no comando – e o que isso significa em dias ruins. não tem rede de segurança, não tem mais aquela sensação de “ok, vou cumprir minha obrigação e esperar o dia acabar”. tudo depende de você. e, honestamente, às vezes isso é tão pesado quanto aquele chefe babaca que você detestava.
mas a grande sacada é que, mesmo com a incerteza e as noites mal dormidas, a liberdade de escolher seu próprio caminho ainda vale cada dor de cabeça. sair da esteira é entender que você trocou uma corrida previsível por uma maratona cheia de subidas íngremes e pedras no caminho – mas, cara, que diferença faz correr sabendo que a direção é sua, e não imposta por alguém.
então, sim, viver fora desse sistema tradicional tem suas armadilhas e desafios. tem dias em que você vai se perguntar se tomou a decisão certa, se vale a pena todo o esforço, ou se seria mais fácil voltar para a “segurança” de um emprego com carteira assinada. mas aí você lembra: voltar para aquela prisão de expectativas alheias não é uma opção. a vida fora da esteira não é sobre ganhar na loteria ou viver sem preocupações. é sobre fazer as mesmas coisas, lidar com os mesmos perrengues, só que agora no seu próprio ritmo, com suas próprias regras.
não romantizo a ideia de empreender ou de ser seu próprio chefe – porque na real, é um jogo onde você troca a segurança pelo prazer (e a dor) de viver nos seus termos. mas mesmo nos dias ruins, mesmo quando tudo dá errado, ainda prefiro o caos da liberdade à estabilidade opressora que deixei para trás. no fim das contas, sair da esteira é escolher o risco de ser dono da sua própria jornada – e isso, por mais desafiador que seja, ainda é a melhor decisão que já tomei.