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2024

futuro?

essa imagem não foi gerada por ia e aconteceu neste final de semana no interior de são paulo.

sabe, o problema é que enquanto o mundo pega fogo, literalmente, seguimos fazendo o que fazemos de melhor: distraindo-nos com miudezas. gastamos tempo discutindo o sabor da nova bebida da moda, enquanto o cenário de ficção científica se desenrola lá fora. mas quem se importa? o marketing está impecável, o feed de notícias está cheio de piadas e memes, e estamos todos numa espécie de transe coletivo onde preferimos olhar para o lado e fingir que ainda temos controle sobre algo.

pensa bem: a cada estação, o clima está mais maluco. verão com ondas de calor infernais, invernos que duram menos do que um suspiro. enquanto isso, o discurso ESG continua a ser um grande teatro de marionetes. palavras bonitas que ficam ótimas em relatórios anuais e enchem os bolsos de quem joga esse jogo. o que estamos realmente deixando para a próxima geração? um planeta em modo sobrevivência, onde o luxo será respirar ar puro ou encontrar uma árvore que não tenha sido derrubada para virar uma embalagem reciclável.

e é isso que me tira o sono. eu olho para o meu filho e penso no que ele vai enfrentar. o que será a vida dele quando ele estiver com a minha idade? será que ainda vai existir aquela sensação simples de pisar na grama molhada pela manhã? ou isso vai virar coisa de museu, como tantas outras coisas que estamos jogando no lixo da história? é irônico, e até trágico, ver tanta gente se preocupando com o impacto dos seus posts nas redes sociais, mas pouco se lixando para o impacto que estamos deixando no planeta.

não me entenda mal, eu amo tecnologia. adoro a conveniência que ela trouxe para nossas vidas. mas essa corrida insana pelo próximo gadget, pelo “melhor e mais eficiente”, só está nos deixando mais anestesiados para o que realmente importa. e enquanto continuarmos acreditando que vamos “resolver tudo” com a próxima grande invenção, só estaremos empurrando o problema para as futuras gerações.

eu olho para isso tudo e sinto uma mistura de frustração e ceticismo. será que ainda há tempo? ou estamos todos apenas aceitando o inevitável, decorando a sala enquanto a casa pega fogo? o discurso verde é bonito, mas, na prática, continuamos a sugar cada gota de recursos que temos à disposição, como se não houvesse amanhã. e do jeito que as coisas estão, talvez não haja mesmo.

então, qual é a saída? talvez seja parar de tentar encontrar saídas fáceis. talvez seja encarar a realidade de frente, sem as ilusões confortáveis que nos vendem a cada dia. ou talvez a solução seja simples: parar de acreditar que ainda temos todo o tempo do mundo para agir. o que me deixa realmente pensativo é a possibilidade de que, quando meu filho estiver na minha idade, ele não tenha mais nem a escolha de se preocupar com o que é realmente importante, porque o básico – como ar puro e água potável – será o luxo que ele herdará da nossa insensatez.

e quer saber a ironia disso tudo? nós já estamos vivendo no tal “mundo do futuro” dos filmes distópicos. só que, diferente das telas, onde sempre tem um herói ou uma solução no último minuto, aqui a gente só tem um relógio correndo, sem pausa, e a gente fingindo que não vê. não se engane – não estamos consertando nada, só estamos atrasando o inevitável.