
o mundo hoje tem essa obsessão por preparar as crianças para serem vencedores, máquinas de alta performance programadas para competir, alcançar metas e, claro, garantir aquela carreira de sucesso que todo mundo sonha. é como se, desde o berço, estivéssemos criando pequenos gladiadores prontos para entrar na arena corporativa, armados até os dentes com planilhas de excel e técnicas de liderança. o mantra é claro: “seja o melhor, seja o mais rápido, conquiste o mundo antes dos 30 ou você é um fracasso”.
mas, como pai, me sinto na obrigação de ir na contramão dessa loucura toda. meu papel não é criar o próximo CEO bilionário ou o gênio da tecnologia. meu papel é muito mais simples — e ao mesmo tempo, infinitamente mais desafiador: criar um ser humano que saiba olhar nos olhos dos outros com empatia, que tenha a capacidade de escutar, realmente escutar, as opiniões alheias sem cair na tentação de julgar ou rotular. porque, no fim das contas, o que o mundo realmente precisa é de mais humanidade, não de mais robôs corporativos.
eu quero que meu filho saiba que existe um valor imenso em simplesmente ser uma boa pessoa, em entender que nem sempre é sobre ganhar ou perder, mas sobre como você joga o jogo. eu quero que ele seja capaz de sentar com alguém que pensa de maneira completamente diferente e, ao invés de tentar impor suas ideias, realmente escute, aprenda e, quem sabe, até mude de opinião.
o mundo já tem idiotas suficientes gritando suas certezas absolutas para quem quiser (ou não) ouvir. o que ele precisa é de mais gente que sabe que a verdadeira força está em admitir que não sabe tudo, que está disposto a aprender, a entender, a crescer.
então, enquanto outros pais estão ocupados criando os futuros vencedores do mercado, eu estou mais interessado em criar um filho que vai ser, antes de tudo, uma boa pessoa. alguém que entende que empatia não é fraqueza, que ouvir é uma habilidade subestimada, e que julgar menos e compreender mais é o caminho para uma vida mais rica e significativa.
é claro que isso não vai aparecer em nenhum currículo brilhante, nem vai ser aplaudido em uma sala de reuniões, mas, sinceramente, foda-se. no final do dia, é isso que faz de alguém um ser humano de verdade, e não só mais uma peça na engrenagem de um mundo que perdeu a noção do que realmente importa.