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2024

meditar

meditação mudou minha vida, mas não da forma transcendental e zen que as pessoas adoram pregar. você sabe, aquela imagem perfeita de alguém sentado em posição de lótus, olhos fechados, sorriso sereno, como se tivesse alcançado uma paz interior imbatível. nada disso. na verdade, meditação me transformou por pura necessidade — quando você se sente prestes a explodir com a insanidade do mundo moderno, qualquer método de sobrevivência vira uma boia salva-vidas.

a grande piada é que eu sempre achei meditação uma bobagem. a ideia de “esvaziar a mente”? ridícula. minha mente, assim como a sua, não para nem por um segundo. quem é que tem tempo para isso? é um clichê moderno, tipo aquela coisa do “autocuidado”, que no fundo serve mais para te vender um incenso de lavanda ou um app de meditação pago do que para realmente mudar alguma coisa. mas, ironicamente, eu cheguei num ponto em que precisava parar de surtar com as pequenas coisas — porque as pequenas coisas viram grandes coisas quando você está sempre em modo de ataque. então, eu cedi.

comecei devagar, sem expectativas. e sabe qual é o lance? meditação não é sobre ficar zen e flutuar acima dos seus problemas. é sobre lidar com o caos interno. é você sentando e admitindo que sua mente é um circo descontrolado, com palhaços jogando bolas de preocupação, ansiedade e raiva para todos os lados. e aí você assiste esse show de horrores sem tentar consertar nada. parece masoquismo, mas, no final, é libertador. você para de lutar contra a enxurrada de pensamentos e, estranhamente, começa a encontrar clareza no meio da confusão.

e aí, com o tempo, você percebe que está lidando melhor com a vida. não porque magicamente resolveu tudo, mas porque aprendeu a não ser arrastado por cada tempestade mental. as coisas ainda te irritam, claro, mas de um jeito diferente. é quase como se você estivesse de pé, do lado de fora, olhando sua própria reação e pensando: “isso realmente vale a pena?” a maioria das vezes, a resposta é não.

não vou fingir que agora sou um guru iluminado, livre de preocupações mundanas. a verdade é que ainda fico puto com um monte de coisa, e provavelmente sempre ficarei. mas a diferença é que agora eu consigo dar um passo para trás. eu vejo o absurdo na minha própria raiva, no meu próprio drama. e isso, meu amigo, é uma mudança gigantesca.

então, sim, meditação mudou minha vida. mas não daquele jeito calmo e fofinho que você vê nos comerciais de app de mindfulness. mudou porque, no final das contas, me deu a capacidade de ver a bagunça que sou — e não enlouquecer por causa disso.