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2024

o poder da música

a música tem esse jeito perverso de se infiltrar na sua vida, sem que você perceba. ela não pede licença, ela invade. você pode estar vivendo sua rotina mais banal, e de repente, pá! — lá vem aquela melodia te arrancando da sua zona de conforto e te jogando na cara algum sentimento que você fingia não ter. é como uma emboscada emocional. e acredite, você não tem escapatória. e quer saber? é isso que torna a música algo tão visceral. ela te obriga a lidar com coisas que você tenta enterrar todos os dias. é como aquele amigo que diz a verdade na sua cara, mesmo quando você prefere viver na mentira.

e há algo quase mágico que acontece quando você coloca os fones de ouvido e aperta o play. é como se o mundo à sua volta mudasse de cor, de tom. de repente, as pessoas nas ruas parecem personagens de uma história que você está criando enquanto caminha. aquele dia comum, cinza, ganha uma trilha sonora que faz tudo parecer um pouco mais leve… ou incrivelmente intenso. a música não só mexe com você, mas distorce a realidade ao seu redor. até os passos dos pedestres, o farfalhar das árvores ou o barulho do trânsito parecem entrar em sincronia com o ritmo da batida nos seus ouvidos. é como se, por alguns minutos, você controlasse o cenário, mesmo sem ter controle sobre nada.

a música que você ouvia aos 17 anos, aquela que você achou que tinha deixado pra trás, volta pra te assombrar. não importa se já se passaram décadas. ela ressurge, te joga de volta para a época em que a vida era uma bagunça gloriosa e você achava que sabia tudo. spoiler: você não sabia nada, e provavelmente ainda não sabe. mas, de alguma forma, a música se torna a âncora que te prende a uma versão de você mesmo que, embora distante, ainda existe em algum canto do seu subconsciente.

e quer saber a maior piada disso tudo? a gente se convence de que tem algum controle sobre o que ouve. você pensa que escolhe suas músicas de acordo com o seu gosto, mas a verdade é que a música é quem escolhe você. e, muitas vezes, é aquela faixa brega que toca no rádio enquanto você está preso no trânsito que acaba ficando grudada na sua cabeça o resto do dia. porque é isso que a música faz: ela encontra um jeito de se infiltrar, mesmo nas situações mais ordinárias, e te marca. você não pediu por isso, mas, de repente, lá está você cantarolando uma música que jamais escolheria voluntariamente.

no fundo, a música é anárquica, descontrolada, e por isso ela é uma das poucas coisas na vida que ainda conseguem te fazer sentir algo genuíno. ela não segue regras, não respeita horários, e certamente não se importa com sua necessidade de ordem. enquanto tudo ao nosso redor é uma tentativa patética de colocar as coisas no eixo, de planejar o próximo passo, a música é a prova viva de que a vida — assim como ela — não pode ser domada.

e o mais provocador de tudo? a música é o lembrete constante de que, por mais que você tente, você não está no controle. e quer saber? talvez seja melhor assim.