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2024

reuniões

ah, o ciclo infinito das reuniões. essa bela invenção que transforma dias úteis em um mosaico interminável de convites no calendário. já percebeu que não sobra tempo para mais nada? quer dizer, o que costumava ser uma oportunidade para resolver problemas ou, sei lá, trabalhar de verdade, virou um labirinto de reuniões que não levam a lugar algum. no meio disso tudo, a coisa mais rara do mundo corporativo se perde: o tempo livre. aquele espaço sagrado onde a mente respira, cria, onde você pode simplesmente… pensar.

sim, pensar. lembra disso? é algo que fazíamos antes das reuniões invadirem cada centímetro do nosso dia. esse tempo ocioso, que os gurus da produtividade condenam, é o que realmente importa. porque é nesse espaço que as boas ideias aparecem, que as soluções vêm à tona, que a criatividade flui. mas quem tem tempo pra isso hoje? ninguém mais. o ócio criativo foi substituído por reuniões de “brainstorming”, onde todo mundo finge ser inovador, mas sai de lá com a cabeça mais vazia do que entrou.

e é claro, não adianta fugir. você tenta bloquear um tempinho na agenda, só para ver ele rapidamente ser tomado por mais uma reunião “urgente”, “estratégica” ou “para alinhamento”. e o que deveria ser o espaço para o novo, para o inesperado, é engolido por essa máquina de fazer nada chamada reunião. se aristóteles estivesse vivo, provavelmente estaria em uma call interminável sobre a necessidade de mais calls.

e o resultado disso? estamos sempre ocupados, mas nunca produtivos. o tempo pra criar, pra refletir, pra se perder em pensamentos sem direção, tudo isso foi sacrificado no altar das reuniões. vivemos uma ilusão de trabalho, onde estar em uma reunião é sinônimo de fazer algo. mas no fundo, sabemos que as melhores ideias não nascem em uma sala de conferências ou em uma videoconferência de uma hora. elas surgem no silêncio, na pausa, no ócio — naquele momento em que sua mente finalmente se liberta das demandas do dia.

mas quem tem tempo pra isso hoje?