
aprendi há muito tempo que tentar microgerenciar é um desastre, mas não aprendi da forma mais suave, não. não foi uma daquelas epifanias elegantes que você tem enquanto contempla o horizonte numa sacada italiana, tomando um chianti e refletindo sobre a vida. foi mais como levar uma surra numa viela suja, em algum canto insalubre do mundo corporativo, enquanto você se pergunta: “como diabos cheguei aqui?”.
microgerenciar é essa obsessão patética de querer estar em cada maldito detalhe. é como insistir em ficar ao lado do chef, cutucando cada prato que sai da cozinha, como se o molho de tomate só ficasse certo com o seu toque divino. e aí o que acontece? você acaba transformando o lugar num circo de desespero, onde cada membro da equipe – que você mesmo escolheu porque, teoricamente, eram bons no que fazem – começa a questionar cada passo, com medo de que o “grande chefe” surja das sombras para corrigir até a forma como respiram. é a receita perfeita para destruir qualquer chance de inovação, autonomia ou prazer de fazer um trabalho decente.
o resultado? tempos terríveis. prazos não cumpridos, decisões equivocadas, uma equipe desmotivada que se move como zumbis, e você, preso numa roda de estresse sem fim, achando que a solução para tudo é controlar ainda mais. porque, claro, quando tudo dá errado, o instinto natural do microgerente é dobrar a aposta. se já está no fundo do poço, por que não cavar mais?
e olha, não se trata apenas de sufocar a criatividade alheia, embora isso já seja ruim o suficiente. microgerenciar é, na verdade, um sintoma de algo muito mais triste: a total falta de confiança em si mesmo. é uma forma de mascarar sua insegurança, de fingir que tem controle de algo quando, na realidade, você está é morrendo de medo que tudo desmorone. e adivinha? tudo vai desmoronar mesmo, mas não porque sua equipe é incompetente – é porque você, meu amigo, é o arquiteto do desastre.
aprendi isso da maneira mais difícil. tive que ver o brilho no olho das pessoas ao meu redor se apagar. tive que lidar com erros que eu mesmo criei, porque estava tão obcecado em não deixar nada escapar do meu radar que não percebi o óbvio: se você contrata gente boa, você tem que deixá-los fazer o que sabem. confie no processo ou então vá pra casa e faça tudo sozinho, já que acha que ninguém é bom o suficiente. mas se escolher a primeira opção, engole seu ego, respira fundo e deixa a mágica acontecer sem sua mão pesada em cima de cada detalhe.
então, sim, aprendi há muito tempo que microgerenciar é um desastre. e quanto mais cedo você aprender isso, mais cedo vai parar de transformar seu ambiente de trabalho em um inferno pessoal.