
olha só, o espetáculo deprimente da vida contemporânea. tá todo mundo lá, de boca aberta, engolindo a ilusão de que dá pra hackear a vida em cinco passos e meio. de que basta pagar pra ouvir o coach do momento, aquele vendedor de fumaça com um microfone de lapela, que vai te transformar no próximo bilionário da lista da forbes. o mercado da autoajuda é o fast food da alma: prático, barato e totalmente desprovido de valor nutricional. mas, claro, pra quem tem preguiça de mastigar uma refeição de verdade, um hambúrguer gelado e meio amassado tá ótimo.
e esses cursos online, então? uma verdadeira epidemia. parece que todo mundo acordou um belo dia, olhou no espelho e pensou: “puxa, acho que vou virar especialista em alguma coisa que mal entendo e ganhar dinheiro em cima dos desesperados.” o que se vê é uma fila interminável de “mestres” do óbvio, que descobriram uma nova forma de lucrar em cima da ansiedade coletiva. é um monte de gente sem currículo, sem experiência e, em muitos casos, sem o menor talento, vendendo cursos sobre absolutamente qualquer coisa. como se o simples fato de abrir uma conta no instagram e colocar um blazer te transformasse em um guru, em um guia espiritual de bolso, pronto pra te ensinar a viver a vida que ele mesmo nunca viveu.
e o mais trágico é que funciona. porque as pessoas preferem ouvir alguém dizendo que dá pra aprender a ser fluente em francês com áudios subliminares do que ter que, sei lá, estudar de verdade. ninguém quer encarar a estrada longa, difícil e cheia de pedregulhos. preferem a promessa de uma viagem em linha reta, onde a única coisa que você precisa fazer é pagar um boleto. mas no fundo, é tudo um esquema, um grande jogo de convencimento onde, se você tá pagando pra alguém te dizer como viver, adivinha quem tá realmente ganhando?
no fim das contas, o que sobra é um exército de pessoas andando em círculos, seguindo a próxima grande moda, o próximo curso milagroso, o próximo guru que promete te tirar do buraco. e pra quê? pra acabar num buraco ainda maior, mas com a carteira mais vazia. porque enquanto você tá lá, assistindo a mais um vídeo motivacional que só te ensina a ter uma atitude “de campeão”, tá esquecendo que a vida de verdade, aquela com uma dose saudável de suor, fracasso e tentativas, continua passando.
então, quer saber? que se dane o manual, que se dane o coach, e que se dane essa ladainha de cursos online que só servem pra te manter ocupado enquanto a vida, de verdade, passa. se é pra cair, que seja de um penhasco que você escolheu subir. se é pra aprender alguma coisa, que seja o resultado das suas próprias experiências, dos seus próprios erros. e no final, quando você olhar pra trás e vir aquele rastro de caos, pelo menos vai poder dizer que foi você quem deixou. porque a única coisa que vale a pena nessa vida é isso: ter uma história que seja sua, sem precisar do selo de aprovação de um zé ninguém que decidiu que é guru da internet.