
ah, as crianças. o futuro da humanidade, os pequenos portadores da esperança, as bolinhas de energia descontrolada que muitas vezes parecem movidas a açúcar e determinação inabalável de destruir qualquer ambiente silencioso. mas, olha só, é aí que reside o encanto desses pequenos seres em formação. são como obras de arte ainda em rascunho, um caos de criatividade e curiosidade que, quando a gente para para observar, até faz a gente sentir uma ponta de inveja.
elas têm essa habilidade única de se encantar com o mundo de um jeito que você, adulto cínico e amargo, nem consegue mais imaginar. enquanto você só vê uma poça d’água nojenta que vai sujar o sapato caro, elas veem um oceano de possibilidades. a inocência com que elas exploram o mundo é quase um lembrete de que, uma vez, você também foi assim: sem medo de se sujar, sem vergonha de perguntar o que é óbvio, e sem o peso dessa bagagem existencial que a gente coleciona ao longo dos anos.
mas, veja bem, não são só flores. não estamos falando de anjinhos celestiais. elas são sinceras de um jeito brutal que deixa qualquer adulto desconfortável. você acha que sua roupa nova está arrasando? uma criança te diz que você parece um palhaço, e com a maior naturalidade do mundo. e no final das contas, não dá pra negar, elas são quase sempre brutalmente honestas. essa sinceridade, esse desapego com convenções sociais, é o que torna a presença delas tão revigorante. são elas que, sem querer, nos mostram o quanto a gente se leva a sério.
e sim, é verdade que crianças também são um pouco como cientistas malucos, sempre testando os limites do possível. se você diz “não toque nisso”, elas imediatamente tocam. mas, ao contrário do que muitos pais pensam, isso não é desobediência gratuita. é curiosidade pura, é essa fome de mundo que talvez a gente nunca mais recupere depois de velho. e talvez a gente precise dessas pequenas doses de caos para lembrar que a vida não é feita só de cronogramas, listas de afazeres e reuniões que poderiam ser e-mails.
o segredo, se é que existe algum, está em aprender a apreciá-las como elas são: pequenos agentes do caos, sim, mas também mestres do riso, do aprendizado e da descoberta. com elas, tudo é um experimento, tudo é um “e se?”. e, no fundo, talvez o mundo precise mesmo de mais perguntas e menos respostas definitivas. talvez todos nós devêssemos ser um pouco mais como crianças – com menos medo, mais curiosidade, e um pouquinho mais de coragem para encarar o mundo de peito aberto e olhos arregalados.
então, da próxima vez que você cruzar com uma criança, seja paciente. pode ser que ela te faça enxergar o mundo sob uma nova luz, ou pelo menos te lembre que, às vezes, tudo o que a gente precisa é de um mergulho numa poça d’água.