
então, cá estou eu, no centésimo texto sequencial, e a verdade é que isso não significa nada além do fato de que, se eu não tirasse tudo isso da minha cabeça, acho que já teria explodido. setecentos no total. setecentos momentos em que, de alguma forma, precisei pegar toda a bagunça que existe aqui dentro e espalhá-la numa página. porque é isso. escrever virou o jeito de organizar o caos, de dar forma a essa tempestade de pensamentos, reflexões e, sim, loucuras que insistem em ficar rodando na minha cabeça, como se houvesse outro lugar pra onde elas pudessem ir.
não é sobre disciplina, sobre perseverança ou qualquer dessas histórias de superação que adoram contar. é sobre sobrevivência mental. cem textos seguidos, setecentos no total, e cada um deles foi uma tentativa de me entender um pouco mais, de cavar mais fundo no que me atormenta, no que me fascina, no que me tira o sono e no que me faz acordar de madrugada com o coração disparado. às vezes, parece que minha cabeça é uma máquina de ideias rodando a mil por hora, e escrever é a única forma de não enlouquecer de vez.
e sabe, as pessoas olham pra isso e veem número, veem “resultado”. mas pra mim, cada texto é um pequeno alívio. é como esvaziar um balde que, no minuto seguinte, já começa a se encher de novo. escrever não é sobre chegar a um ponto final, é sobre me livrar, por algumas horas, desse turbilhão que não para nunca. não tem descanso. eu escrevo porque, se eu não escrevesse, a coisa toda iria me consumir. e quem é que quer ser engolido pelos próprios pensamentos, não é?
setecentos textos depois, e tudo o que sei é que ainda não disse o suficiente. ainda não tirei tudo. porque o que está aqui dentro, o que me passa pela cabeça diariamente, não cabe em palavras. mas eu continuo tentando. cem seguidos, setecentos no total, e cada um deles foi só uma nova tentativa de entender o que diabos está acontecendo comigo e com o mundo ao meu redor. não é sobre contar histórias, é sobre exorcizar o que não cabe. sobre pegar essas reflexões, essas ideias que às vezes parecem completamente insanas, e jogar tudo na página pra ver se faz sentido fora da minha cabeça.
e, no final das contas, cem textos, setecentos, o que quer que seja… eu não escrevo porque estou em busca de alguma resposta ou alguma conclusão grandiosa. eu escrevo porque, enquanto as palavras continuam fluindo, eu continuo um pouco mais em paz comigo mesmo. e isso, no final das contas, é o que realmente importa.