
os workaholics, essas criaturas infelizes que praticamente respiram planilhas, documentos e café queimado. já passei por essa fase também, já comprei o mito da produtividade incessante, a ilusão de que trabalhar até não sentir mais os dedos era um caminho glorioso para algum nirvana corporativo. o quão patético é perceber, agora, que estava apenas num ciclo idiota de autossabotagem disfarçado de “dedicação”.
imagine a cena: escritórios lotados de almas exaustas, fixadas na ideia de que correr até o colapso é algum tipo de medalha de honra. e por quê? para um chefe que nem lembra o nome delas? para um cliente que, no final das contas, só quer um trabalho entregue? é a mentira mais bem contada do século. parece até que a produtividade virou a nova religião, com o teclado como altar e o outlook como a bíblia sagrada. cada e-mail respondido depois da meia-noite é uma oração ao santo burnout, um sacrifício para o deus do esgotamento. e o pior? existe até um orgulho doentio nisso.
ah, sim, o workaholic se acha “diferente”. ele se acha especial porque vive atado ao smartphone, esperando o próximo “ping” da notificação como se fosse uma dose de adrenalina. é quase poético de tão trágico. vive com a fantasia de que é um guerreiro numa cruzada importante, carregando o mundo corporativo nas costas. mas a verdade é mais simples, quase triste: ele só está aprisionado num ciclo sem propósito, vendido na ideia de que o “trabalho duro” é a resposta para a felicidade. spoiler: não é.
e não me venham com essa de “é que eu amo o que faço.” ah, tá bom. amar o que faz não é trabalhar até o limite da exaustão. amar o que faz é saber a hora de parar, de dar um tempo para viver fora do escritório, do e-mail, do slack. amar o que faz é ter equilíbrio, não é virar um zumbi corporativo. mas o workaholic, esse mártir moderno, não quer saber disso. ele quer a sensação de “estar ocupado,” quer provar para o mundo – e para si mesmo – que ele é indispensável. é uma farsa. a verdade? o mundo seguiria em frente muito bem sem ele, obrigado.
hoje, vendo de fora, é até engraçado. vejo pessoas se desgastando, se desfazendo, transformando cada segundo do dia em “produtividade” como se estivessem no meio de uma missão heroica. mas na real, estão apenas cavando um buraco. e nem percebem que já estão a uns bons metros de profundidade. então, fica a dica: desce dessa corrida sem fim. o mundo é grande, e a vida é muito maior do que a próxima reunião no zoom.