
ah, vamos encarar os fatos: chamam de “antissocial” quem tem o bom senso de não desperdiçar o tempo em rodinhas de conversa insípida e interações repletas de ego e carência disfarçada de amizade. vivemos numa era onde “socializar” virou um esporte coletivo de autoconfirmação, em que todo mundo corre atrás de validação como se fosse um novo tipo de narcótico. e lá está ele, aquele cara que simplesmente não quer comprar ingresso pra esse teatro absurdo – e aí, de repente, vira o esquisito, o solitário, o antissocial.
ele não odeia ninguém, mas definitivamente não tem paciência pra essa epidemia de superficialidade em que cada rosto sorridente esconde uma agenda própria. cada “como você está?” é apenas uma pausa antes de falarem de si mesmos; cada “saudade” é só uma jogada pra ver se ainda têm algum controle sobre o outro. e quando ele escuta um “vamos marcar?” – ah, ele sabe que isso vale tanto quanto uma nota de três dólares. porque ele já entendeu o jogo, e o jogo é assim: todos atuam, todos fingem, e todos estão cansados, mas ninguém para de correr.
então ele se retira, prefere o conforto de um bom livro, um copo de uísque, uma noite silenciosa. isso não é solidão; é o alívio de não ter que se jogar na lama do “networking social” onde todo mundo é amigo até a próxima crise de interesse. ele vê as conversas, as piadinhas ensaiadas, os elogios trocados como se fossem moeda corrente – e tudo isso pra quê? pra manter as aparências, pra alimentar o ciclo interminável da mesmice disfarçada de intimidade. enquanto os outros se desesperam pra acumular seguidores e construir suas identidades digitais como castelos de areia, ele observa com uma indiferença que beira o desprezo, sabendo que tudo aquilo não vale absolutamente nada.
ele não é antissocial – ele só não quer perder tempo com a farsa coletiva onde cada sorriso é uma armadilha e cada aperto de mão é um contrato não assinado. ele vê as trocas de favores mascaradas de amizade, o teatro das emoções enlatadas, o culto moderno à “conexão” que, no fim, não conecta nada. pra ele, o verdadeiro luxo é poder escolher a companhia – ou, muitas vezes, a falta dela. enquanto o mundo inteiro dança em círculos ao som do vazio, ele saboreia o silêncio, aquele silêncio que só quem desistiu de participar dessa comédia humana entende. porque, no fundo, ele sabe que, em um mundo onde todos estão desesperados por aprovação, a verdadeira subversão é não precisar de nada disso.