
ah, as pessoas certinhas. aqueles que respiram obediência, acordam ao som de um alarme calculado e, claro, tomam seu café com uma quantidade exata de açúcar. esses seres que veem a vida como uma lista de afazeres e tratam as regras como mandamentos divinos. o mundo deles é um cubículo de previsibilidade, sem espaço para a bagunça gloriosa que realmente faz a vida valer a pena.
são os tipos que nunca vão experimentar o gosto sublime de uma madrugada errante, porque precisam dormir oito horas para manter a produtividade. nunca vão se perder numa cidade estranha ou deixar um vinho barato virar uma conversa épica, porque tudo, absolutamente tudo, precisa estar sob controle. se você soltar um “f***-se” por aí, eles já arregalam os olhos, cheios de pavor, como se a própria existência estivesse ameaçada.
e eles acham que esse modelo engessado é sinônimo de superioridade. olha só, “eu pago meus impostos na data certa”, “minha mesa está organizada”, “não tomo café depois das seis”. parabéns, você conseguiu ser a pessoa mais desinteressante da festa. porque, veja bem, viver sem risco, sem surpresa, é como viajar e se trancar no hotel. é acordar todo dia para uma rotina escrita por um robô e achar que isso te torna mais respeitável. na verdade, isso só torna sua vida um monumento à mesmice.
talvez seja isso que nos irrita tanto nos certinhos. eles nos lembram do quão fácil é fugir da vida, se esconder atrás de cronogramas, evitar qualquer tipo de turbulência. enquanto eles se preocupam em alinhar os móveis e os horários, o resto de nós está se debatendo, tropeçando, cometendo erros épicos, mas, pelo menos, estamos vivendo alguma coisa real. e, no final, são as histórias sujas, os erros e os momentos improvisados que fazem a vida. tudo que esses seres “certinhos” se recusam a abraçar.