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2024

pessoas certinhas

ah, as pessoas certinhas. aqueles que respiram obediência, acordam ao som de um alarme calculado e, claro, tomam seu café com uma quantidade exata de açúcar. esses seres que veem a vida como uma lista de afazeres e tratam as regras como mandamentos divinos. o mundo deles é um cubículo de previsibilidade, sem espaço para a bagunça gloriosa que realmente faz a vida valer a pena.

são os tipos que nunca vão experimentar o gosto sublime de uma madrugada errante, porque precisam dormir oito horas para manter a produtividade. nunca vão se perder numa cidade estranha ou deixar um vinho barato virar uma conversa épica, porque tudo, absolutamente tudo, precisa estar sob controle. se você soltar um “f***-se” por aí, eles já arregalam os olhos, cheios de pavor, como se a própria existência estivesse ameaçada.

e eles acham que esse modelo engessado é sinônimo de superioridade. olha só, “eu pago meus impostos na data certa”, “minha mesa está organizada”, “não tomo café depois das seis”. parabéns, você conseguiu ser a pessoa mais desinteressante da festa. porque, veja bem, viver sem risco, sem surpresa, é como viajar e se trancar no hotel. é acordar todo dia para uma rotina escrita por um robô e achar que isso te torna mais respeitável. na verdade, isso só torna sua vida um monumento à mesmice.

talvez seja isso que nos irrita tanto nos certinhos. eles nos lembram do quão fácil é fugir da vida, se esconder atrás de cronogramas, evitar qualquer tipo de turbulência. enquanto eles se preocupam em alinhar os móveis e os horários, o resto de nós está se debatendo, tropeçando, cometendo erros épicos, mas, pelo menos, estamos vivendo alguma coisa real. e, no final, são as histórias sujas, os erros e os momentos improvisados que fazem a vida. tudo que esses seres “certinhos” se recusam a abraçar.