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2024

empreender

empreender. ah, a palavra da moda. o grito de guerra dos descolados do linkedin, dos palestrantes com microfone na orelha e powerpoints cheios de frases motivacionais que dariam vergonha até ao seu horóscopo. empreender é a arte de transformar um sonho bonito e ingênuo em noites de insônia regadas a café morno e auto-ódio. é se jogar de um penhasco e descobrir no meio do caminho que o paraquedas é de brinquedo e veio sem manual.

ninguém te conta que empreender não é glamour, não é liberdade, e certamente não é aquela porcaria de foto no instagram com a hashtag grind. empreender é basicamente ser sócio do caos. o caos é seu chefe, seu parceiro e, se bobear, até o cliente. é um festival diário de “nada vai dar certo, mas talvez dê”. você é o capitão de um barco furado, no meio de uma tempestade, com uma tripulação que você contratou sem saber se teria dinheiro para pagar — e o que você tem de reserva é um balde pequeno e esperança.

você acha que vai ser o próximo milionário do vale do silício? meu amigo, se você conseguir pagar o boleto do contador este mês, já pode se considerar o steve jobs do bairro. acha que vai “pivotar” sua ideia e dominar o mercado? spoiler: o mercado vai te mastigar, cuspir e ainda te cobrar juros. e não importa o quanto você estude, planeje, ou recite mantras de prosperidade. o caos não lê manuais de autoajuda. ele te pega pelo colarinho e te joga na lama, e tudo o que você pode fazer é sorrir e fingir que estava planejando isso o tempo todo.

e os clientes? ah, os clientes. esses seres mágicos que aparecem para te dizer que o seu produto está caro demais, que o prazo está longo demais, ou que você deveria oferecer tudo de graça porque, afinal, “isso não deve custar tanto para fazer, né?”. eles somem quando você mais precisa, reaparecem quando você já está no fundo do poço, e exigem que você entregue a lua enquanto você mal consegue pagar pelo poste.

empreender é um ato de resistência. é guerra, meu amigo. não tem medalha de ouro, só cicatrizes. mas sabe o que é pior? alguns de nós gostamos disso. porque no fundo, talvez sejamos todos um bando de masoquistas românticos, apaixonados pela ideia de conquistar algo no meio do inferno. então, se for entrar nessa, prepare-se. traga um estoque de whisky, umas boas doses de sarcasmo, e aprenda a rir enquanto tudo desmorona. é a única coisa que vai te manter são. ou quase.