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2024

tá eu também vou falar da jaguar

vou ser direto: o que está acontecendo com a jaguar é mais do que um rebranding mal pensado – é um reflexo de um problema maior, uma epidemia de marcas que decidiram abrir mão de tudo que as tornava únicas pra seguir uma cartilha genérica de “modernidade”. e sabe o que é isso, no fim das contas? medo. medo de não ser relevante. medo de alienar um público que nunca foi o seu. e o resultado é esse: legados sendo esmagados em nome de logotipos minimalistas e slogans vazios que ninguém vai lembrar.

vamos falar sério: jaguar era uma marca com pedigree, com alma, com uma história tão poderosa que só o nome já carregava um peso. era luxo britânico, mas com atitude. elegância com dentes. você comprava um jaguar porque queria algo que o resto do mundo não podia ter, algo que fazia o ronco do motor soar como uma declaração de guerra contra a mediocridade. e agora? agora você olha pra esse “modernismo exuberante” e vê o quê? um desespero. uma tentativa patética de parecer “jovem” e “clean”, como se isso fosse suficiente pra compensar a perda de identidade.

mas jaguar não está sozinha nessa bagunça. olha ao redor. burberry fez a mesma coisa quando decidiu diluir seu icônico xadrez pra se tornar “cool”. gap tentou simplificar o logo e foi tão massacrada que voltou atrás em menos de uma semana. até marcas que deveriam ser inabaláveis, como a bmw, meteram os pés pelas mãos ao transformar seu logo num design digital que parece mais uma fintech. e por quê? porque todo mundo quer ser “moderno”, mas ninguém quer ser corajoso.

essa febre de minimalismo – quem foi que decidiu que tudo precisa ser “clean”? quem foi que declarou guerra contra o design que tem personalidade? jaguar tinha o maldito jaguar saltando, um logotipo que não era só visualmente impressionante, mas que transmitia movimento, força, energia. agora temos letras finas que podiam estar no rótulo de uma marca de água com gás. minimalista? sim. memorável? nem de longe.

e não é só o design. é a mensagem. “copy nothing”? o que isso significa, exatamente? porque parece que o que fizeram foi copiar todos os erros que outras marcas já cometeram ao tentar apagar sua história. jaguar não precisava de um rebranding. precisava de confiança. precisava de uma reafirmação do que ela é. mas o que fez? foi pelo caminho mais fácil: abandonou o que a fazia especial pra tentar ser algo que nunca foi.

e aqui está a ironia: as marcas que resistem a essa onda de homogeneização são as que continuam no topo. ferrari não mudou. rolls-royce não mudou. até a porsche, que lançou um SUV e um carro elétrico, conseguiu fazer isso sem perder a essência. porque essas marcas entendem algo que a jaguar claramente esqueceu: o luxo não é sobre agradar a todo mundo. é sobre ser exclusivo. é sobre ser fiel a si mesmo, mesmo que isso signifique alienar uma parte do público.

mas o problema é maior do que isso. estamos vivendo numa era em que as marcas estão aterrorizadas com a ideia de não serem “relevantes”. elas sacrificam tradição, história e identidade pra seguir tendências passageiras que vão desaparecer antes do próximo ciclo de marketing. e o que sobra? um mar de logotipos genéricos, mensagens genéricas, produtos genéricos. jaguar só é a vítima mais recente dessa doença.

sabe o que realmente irrita? o público que entende o valor de uma jaguar – o cliente que sabia que estava comprando algo com alma, algo com peso – esse público está sendo deixado de lado. e pra quê? pra tentar conquistar um consumidor que nem entende o que é herança, que acha que um carro é só um gadget grande. é a mesma história com a harley-davidson quando tentou vender motos elétricas como se fosse um brinquedo de luxo. o público leal virou as costas, e o novo público? nunca veio.

no fim das contas, o que estamos vendo não é só a morte da identidade de marcas como jaguar. é a morte da ousadia. da coragem de ser diferente. as marcas que antes lideravam, que ditavam as regras, agora estão correndo atrás do rabo tentando ser tudo pra todo mundo. e o resultado? elas se tornam nada. porque quando você abre mão do que te torna único, o que sobra?

jaguar podia ter liderado. podia ter mostrado ao mundo que modernizar não significa esquecer suas raízes. mas, em vez disso, ela escolheu o caminho mais fácil: apagar sua própria essência e esperar que ninguém percebesse. e isso, pra mim, é o maior fracasso de todos. não só pra jaguar, mas pra toda essa nova geração de marcas que parecem mais preocupadas em agradar algoritmos do que pessoas.