
eu e os meus filmes favoritos deste ano. uma longa lista de escolhas que revela, provavelmente, mais do que eu gostaria sobre minha psique. clássicos revisitados, algumas novidades que fizeram barulho (e eu precisei conferir pra ver se era tudo isso mesmo), e doses cavalares de wes anderson, porque, afinal, alguém tem que organizar o caos da minha vida – nem que seja em 24 quadros por segundo.
1. asteroid city (2023)
começando com o óbvio. wes anderson brincando de existencialismo pastel em um deserto. alienígenas, solidão, e diálogos tão secos quanto o solo da história. um filme sobre nada que, ironicamente, diz tudo.
2. the grand budapest hotel (2014)
porque nada supera um hotel fictício com tons de rosa e ralph fiennes canalizando um charme decadente. cada cena é um quadro perfeito, e eu poderia assistir só pelas sobremesas que aparecem no filme.
3. the godfather (1972)
claro que revi. é praticamente um ritual anual. cada vez que assisto, fico mais convencido de que al pacino é o anti-herói definitivo e que a frase “it’s not personal, it’s strictly business” resume mais do que deveria sobre a vida.
4. chinatown (1974)
a sujeira do noir nunca foi tão hipnotizante. jack nicholson com seu sarcasmo natural e aquela trama sufocante que te lembra que o poder sempre vai ferrar com você. insuportavelmente bom.
5. pulp fiction (1994)
tarantino no auge da sua arrogância criativa, e eu amo cada segundo. diálogos insuportavelmente bons, violência coreografada como balé, e samuel l. jackson te fazendo acreditar que até uma conversa sobre hambúrgueres pode ser profunda.
6. eternal sunshine of the spotless mind (2004)
cada cena é um soco no estômago, uma mistura de surrealismo e pura verdade emocional. jim carrey, deprimido e melancólico, e kate winslet, cheia de caos e cor.
7. apocalypse now (1979)
o horror, o horror. revi só pra me lembrar de que o inferno não é um lugar, é uma jornada de barco pelo vietnã ao som de wagner. coppola no seu momento mais insano, e eu não consigo desviar os olhos.
8. the royal tenenbaums (2001)
porque disfunção familiar é sempre mais interessante quando embalada por trilha sonora impecável e personagens que parecem saídos de um diário de terapia. wes anderson me ganha toda vez.
9. the long goodbye (1973)
elliott gould sendo o detetive mais relapso e cínico que você já viu. uma obra-prima do noir que parece estar de ressaca o tempo todo. perfeito para dias em que o mundo não faz sentido.
10. rear window (1954)
hitchcock no seu ápice voyeurístico. james stewart e grace kelly me lembrando que, às vezes, ficar em casa e observar os vizinhos pode ser mais perigoso do que parece. um clássico eterno.
11. blade runner (1982)
o original. porque nada supera o sentimento de olhar pra um futuro decadente e pensar: “talvez já estejamos vivendo isso.” e rutger hauer, no monólogo final, partindo meu coração todo santo ano.
12. casablanca (1942)
“here’s looking at you, kid.” revi pra lembrar por que ainda acredito no poder do cinema. humphrey bogart e ingrid bergman são pura mágica, e aquela melancolia romântica nunca envelhece.
13. seven samurai (1954)
kurosawa me lembrando por que ele é o mestre. um épico sobre honra, sacrifício e espadas, tudo contado com uma intensidade que nenhum blockbuster moderno consegue imitar.
14. goodfellas (1990)
scorsese fazendo máfia como ninguém. a trilha sonora, a narrativa frenética, e joe pesci sendo aterrorizante e hilário ao mesmo tempo. o tipo de filme que te faz querer uma vida de crime – até lembrar como termina.
15. taxi driver (1976)
de niro como travis bickle, o homem mais perturbadoramente solitário que já ocupou uma tela de cinema. cada vez que assisto, fico mais convencido de que scorsese não fez um filme, ele fez um espelho torto.
16. la dolce vita (1960)
fellini em sua fase mais felliniana. decadência, glamour e o vazio existencial da alta sociedade. um lembrete de que, às vezes, o belo é completamente insuportável.
17. the french dispatch (2021)
porque wes anderson não faz filmes, faz dioramas emocionais. essa carta de amor ao jornalismo é tão pretensiosa que chega a ser adorável. e sim, eu adorei cada segundo.
18. 2001: a space odyssey (1968)
kubrick me fazendo sentir como um idiota cada vez que tento entender tudo. mas, francamente, a beleza visual e a trilha sonora já valem o esforço. uma experiência, não só um filme.
19. persona (1966)
bergman fazendo um dos filmes mais desconcertantes e brilhantes que já existiram. é como um quebra-cabeça emocional que nunca termina, e eu não consigo parar de tentar montá-lo.
20. the apartment (1960)
billy wilder no seu momento mais ácido e romântico. jack lemmon e shirley maclaine me lembram que o amor é complicado, engraçado e, às vezes, desesperador. um clássico que sempre aquece meu coração cínico.