
fazer 44 anos é como descobrir uma receita secreta depois de anos seguindo instruções meia-boca. não é que você tenha dominado tudo – longe disso – mas, de repente, os ingredientes começam a fazer sentido. os erros passados, as escolhas duvidosas, até as mancadas monumentais: tudo vira tempero. a vida deixa de ser um prato gourmet pretensioso e se torna uma refeição honesta, com sabor forte e aquele toque de pimenta que faz arder, mas você aprecia mesmo assim. aos 44, eu finalmente sei o que gosto e, mais importante, o que não suporto – e isso, meu amigo, é uma conquista subestimada.
é engraçado, porque aos 20, a ideia de envelhecer parecia uma tragédia grega. mas a real? aos 44, eu me sinto mais vivo do que nunca. as inseguranças juvenis? larguei no meio do caminho, como uma mala pesada que nunca deveria ter levado. a necessidade de agradar todo mundo? morreu junto com o cabelo que perdi. agora, a questão é simples: isso me alimenta ou me consome? se é a segunda opção, não tem espaço no meu prato.
mas vamos falar sério: os 44 não são só sobre “aceitação” e “crescimento”. isso é conversa mole pra vender livro de autoajuda. a verdade é que você aprende a ser mais seletivo com sua energia. porque energia, aos 44, é como uma garrafa de vinho realmente boa – limitada e preciosa. gasto o que tenho com o que importa, e o resto que se dane. e sabe o que importa? as pequenas epifanias do dia a dia: um café bem feito, um livro que te arranca da realidade, uma risada que explode sem pedir licença.
o corpo, claro, começa a enviar sinais sutis de que não é mais aquele foguete supersônico. mas sabe de uma coisa? não tem problema. aos 44, eu percebi que velocidade não é tudo. resistência, sim, é o jogo. e não falo só de resistência física – falo da capacidade de continuar, de recomeçar, de olhar para o caos e dizer: “tudo bem, eu sei lidar com isso.” cada cicatriz, cada dorzinha chata é uma medalha de guerra. não estou só sobrevivendo, estou colecionando histórias.
e a cabeça? ah, essa está mais afiada do que nunca. aos 44, percebi que a vida não é sobre seguir regras ou atingir metas pré-definidas. é sobre aproveitar o caos e, se possível, rir dele. é sobre parar de esperar pelo momento perfeito e começar a criar momentos incríveis no meio da bagunça.
então, fazer 44 anos não é uma crise. é um brinde. um brinde à liberdade de ser quem eu sou sem pedir desculpas. um brinde ao fato de que ainda há tanto para aprender, mas também muito do que me orgulhar. e, acima de tudo, um brinde à vida – imperfeita, desorganizada, deliciosa. porque, no final das contas, ela é exatamente o que você coloca no prato. e eu? vou repetir a dose.