
estamos vivendo um daqueles momentos da história em que você sente que algo grande e perigoso está acontecendo, mas ninguém sabe exatamente o quê. é como estar em um restaurante onde a cozinha pegou fogo, os garçons estão bêbados, e o chef, um lunático sem noção, está gritando que tudo está sob controle enquanto joga mais óleo na frigideira. você sente o cheiro da fumaça, vê as chamas refletidas nos olhos dos outros clientes, mas ainda assim as pessoas continuam pedindo sobremesa como se nada estivesse acontecendo.
há um desconforto latente no ar, um tipo de inquietação que não dá para ignorar. o mundo está rodopiando em alta velocidade, e todo mundo finge que sabe para onde está indo. políticos fazem discursos inflamados enquanto enchem os próprios bolsos, magnatas da tecnologia brincam de deuses, e as massas, hipnotizadas pelo brilho azul de suas telas, seguem marchando alegremente para o abatedouro, tirando selfies no caminho.
eu olho ao redor e vejo uma sociedade que parece perdida entre duas realidades: uma em que fingimos que tudo vai ficar bem e outra onde sabemos, lá no fundo, que a merda está prestes a atingir o ventilador. o problema é que ninguém quer ser o primeiro a dizer isso em voz alta. é mais fácil continuar a dança, mesmo que o chão já esteja rachando debaixo dos nossos pés.
temos um planeta em colapso, uma economia construída em cima de castelos de cartas, uma cultura que premia a mediocridade, e uma geração que confunde engajamento com significado. e, mesmo assim, seguimos nos iludindo com promessas vazias de que um novo app, uma nova eleição ou um novo guru espiritual vão consertar tudo.
eu não sou profeta do apocalipse, mas me recuso a ser o idiota que acredita que essa festa vai durar para sempre. algo está prestes a acontecer. pode ser uma revolução, pode ser um desastre monumental. talvez os historiadores do futuro olhem para esse momento e digam: “foi aí que tudo começou a desmoronar.” ou talvez olhem e riam da nossa estupidez, como fazemos hoje ao lembrar das pessoas que achavam que fumar dentro do avião era uma boa ideia.
é bizarro ver como todos parecem distraídos enquanto o mundo pega fogo. estamos sentados no Titanic, discutindo sobre qual influenciador é mais autêntico, enquanto o gelo corta o casco do navio. e, claro, há sempre aqueles que insistem que o iceberg não existe ou que foi colocado ali por uma conspiração obscura.
vejo líderes que não lideram, bilionários que querem ser messias, e uma cultura que venera idiotas barulhentos enquanto ignora aqueles que realmente sabem do que estão falando. ser ignorante virou uma virtude, e a verdade se tornou apenas mais uma opção no cardápio do delírio coletivo.
não sei exatamente para onde estamos indo, mas tenho a sensação de que o futuro vai ser um lugar onde olhar para trás e dizer “avisei” não vai trazer nenhuma satisfação. estamos dobrando a esquina da história, e algo me diz que do outro lado não há um paraíso digital utópico, mas sim um grande buraco negro pronto para nos engolir.
a ironia é que, apesar de toda essa angústia existencial, continuamos vivendo nossas vidas normalmente. marcamos compromissos, reservamos voos, discutimos sobre qual série vale a pena maratonar. é quase bonito, essa insistência em manter a rotina enquanto tudo ameaça ruir. um pouco como arrumar a mesa para o jantar no meio de um terremoto.
parte de mim quer acreditar que tudo isso é apenas uma fase, que vamos sair dessa mais fortes, mais espertos, mais humanos. mas a outra parte… mais cínica, mais realists…sabe que a estupidez humana não tem limites. somos especialistas em repetir os mesmos erros, só que cada vez com mais tecnologia e mais arrogância.
se a história nos ensina alguma coisa, é que momentos como este sempre terminam de duas formas: ou com uma mudança radical que redefine tudo ou com um grande e trágico colapso. estamos na beira do precipício, e a única pergunta que importa agora é: vamos aprender a voar ou simplesmente vamos cair?
fico me perguntando o que dirão de nós no futuro. será que seremos lembrados como a civilização que teve todas as ferramentas para mudar o mundo, mas escolheu usá-las para criar dancinhas virais? ou como a geração que finalmente percebeu que estava na beira do abismo e decidiu dar um passo para trás?
a verdade é que, no fundo, ninguém sabe o que está por vir. talvez seja essa a parte mais assustadora. podemos estar no início de uma nova era ou no epílogo da nossa própria história. e enquanto tentamos descobrir, continuamos sorrindo para as câmeras, postando fotos e fingindo que tudo está normal.
talvez seja isso o que significa estar vivo agora: um grande ato de fingimento coletivo, uma comédia absurda onde todos sabemos que estamos ferrados, mas continuamos atuando como se o show nunca fosse acabar.