
olha pra essa tela. agora olha de novo. quantas abas abertas? cinco? dez? vinte e sete? um número tão grande que você já desistiu de contar? você não está navegando na internet. você está se afogando num mar de informação inútil, fake news de quinta categoria, vídeos de gatos tocando piano e aquele tutorial que você jurou que ia assistir, mas ficou só no “depois eu vejo”. você virou um acumulador digital, um esquilo paranoico empilhando nozes de conhecimento irrelevante que nunca vai mastigar.
mas aqui vai a real, essas malditas abas abertas estão roubando a sua alma. isso mesmo, vampiros sugadores de sanidade, pequenas armadilhas psicológicas vestidas de produtividade. você acha que está no controle, acha que cada aba tem um propósito, mas, na verdade, você está apenas colecionando distrações como um viciado coleciona desculpas.
cada aba é uma promessa não cumprida. uma pesquisa acadêmica que você nunca terminou de ler. um site de notícias que só aumenta sua ansiedade. um vídeo de receita que você nunca vai tentar. um e-mail que você finge que vai responder. uma aba para cada decisão adiada, cada projeto inacabado, cada fantasia de que um dia você será mais organizado, mais culto, mais eficiente. mas você não é. e nem vai ser, enquanto não apertar aquele bendito “fechar todas as abas”.
pensa bem, quando foi a última vez que você conseguiu se concentrar em uma coisa só? não estou falando de fingir que presta atenção numa reunião enquanto navega entre quatro abas do google, mas sim de realmente mergulhar em uma única tarefa, sem interrupções, sem pulinhos de atenção dignos de um peixinho dourado com déficit de memória? pois é.
isso tem nome. se chama sobrecarga cognitiva. o seu cérebro, essa máquina gloriosa que evoluiu para caçar mamutes e fazer fogo, está derretendo lentamente sob o peso de centenas de fragmentos de informação inútil. e você sente isso. você sente na dificuldade de lembrar das coisas, na ansiedade crescente, na insônia alimentada por uma mente que se recusa a desligar porque você passou o dia inteiro consumindo estímulos como um bufê de fast food para o cérebro.
e não vamos esquecer do impacto físico: olhos secos de tanto encarar a tela. tensão no pescoço, nos ombros, na alma. aquele cansaço mental que te faz sentir exausto mesmo sem ter saído do lugar. você está sendo moído por essa avalanche de informação, mas insiste em continuar abrindo mais e mais abas, como se estivesse construindo um castelo de cartas no meio de um furacão.
o pior é que você sabe. sabe que devia fechar tudo e focar no que realmente importa. sabe que esse hábito de acumular abas é uma forma elegante de procrastinação. sabe que está apenas se iludindo com a ideia de que está sendo produtivo, quando, na verdade, está apenas girando em falso, como um hamster numa roda de ansiedade.
e ainda tem a ilusão da “volta”. aquele pensamento traiçoeiro: “vou deixar essa aba aberta pra ler depois”. depois nunca chega. depois é uma mentira que você conta para si mesmo enquanto se afunda cada vez mais nesse oceano digital.
então, que tal fazer um teste? fechar todas as abas. todas. sem dó. sem piedade. aperta aquele botão e observa a sensação que vem depois. talvez um frio na barriga, um medo absurdo de ter perdido algo importante. mas logo depois, um alívio. um silêncio mental. um espaço vazio onde, por alguns segundos, a sua mente pode respirar.
isso é desintoxicação digital. isso é minimalismo mental. isso é parar de agir como um viciado em informação que não consegue desligar.
porque, no fim das contas, se algo for realmente importante, ele vai voltar. a informação certa sempre encontra um jeito de chegar até você. mas a paz de espírito que você está trocando por um mar de abas abertas? essa, meu amigo, você está jogando fora sem nem perceber.
então feche todas as abas. agora. respire fundo. e talvez, só talvez, comece a sentir o gosto da liberdade.