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2024

voltei a assistir lost

aquela série que começou como um thriller de sobrevivência e terminou como uma confusão metafísica onde ninguém sabia mais se estavam vivos, mortos ou apenas mal pagos. mas entre todas as almas perdidas daquela ilha, há um homem que se destaca: desmond hume. e, do outro lado do espectro, o doutor jack shephard, o equivalente humano a uma palestra motivacional que ninguém pediu.

vamos começar pelo rei do “brotha”, desmond. o cara era um escocês maldito, cheio de carisma, um misto de herói trágico e profeta relutante que não pedia nada além de uma chance de voltar para a mulher que amava. e diferente da maioria dos palermas naquela ilha, ele tinha algo que poucos ali pareciam possuir: um propósito. enquanto o resto do elenco ficava debatendo liderança e moralidade como se fossem alunos de filosofia do primeiro semestre, desmond estava lá, girando chaves, prevendo o futuro e carregando a série nas costas sem nem reclamar. e ainda por cima tinha o melhor arco da série, uma história de amor que na verdade fazia sentido e não parecia escrita num guardanapo sujo às três da manhã.

agora, jack shephard. ah, jack. o doutor maravilhoso, o líder autoimposto, o rei do discurso inspirador que só servia pra aumentar a enxaqueca de quem assistia. porque todo maldito episódio esse cara achava que precisava dar uma lição de moral? parecia um coach de startup preso num pesadelo existencial. e a necessidade compulsiva dele de controlar tudo? o cara não aceitava um “não” da vida. era como um daqueles tipos que insistem que podem consertar qualquer coisa, menos a própria falta de carisma.

jack era o tipo de cara que, se você estivesse num voo internacional e ele sentasse do seu lado, você fingiria estar dormindo só para evitar a conversa. “sou médico, sou líder, sou um mártir, blá blá blá.” sim, jack, já entendemos, você quer salvar todo mundo e carregar o peso do mundo nos ombros, parabéns, agora vai ali buscar um calmante e para de encher o saco.

e o pior de tudo? no final, a série ainda quis vender jack como o grande herói, o cara que resolveu tudo. mas vamos ser sinceros: o verdadeiro herói era desmond. porque enquanto jack estava ocupado fazendo cara de quem tem prisão de ventre emocional, desmond estava literalmente viajando no tempo, salvando a realidade e ainda encontrando espaço pra um final decente. então, se tivesse justiça nesse mundo ou nessa ilha, “lost” teria terminado com desmond indo embora e jack sendo deixado para trás, fazendo um último discurso para ninguém.