
“inundar a zona”, é assim que chamam. jogue tanta coisa ao mesmo tempo que ninguém consiga focar em nada. transforme o noticiário em um carnaval de manchetes histéricas, uma enxurrada de absurdos, um verdadeiro tiroteio de escândalos. enquanto as pessoas tentam entender o que está acontecendo, você já passou para o próximo golpe. não se trata de esconder, isso é antiquado. o truque agora é mostrar tudo, de uma vez, até que a mente coletiva simplesmente desligue.
e funciona. funciona porque ninguém aguenta viver em estado de choque permanente. um dia, um decreto absurdo. no outro, uma medida draconiana. na quarta-feira, um ataque às instituições. na quinta, uma briga fabricada para desviar a atenção. no sábado, um novo inimigo inventado. e na segunda, começamos tudo de novo. até que a indignação vire cansaço, até que a população, mesmo informada, esteja exausta demais para reagir.
e quando alguém ousa perguntar… “mas como isso foi acontecer?” a resposta é um encolher de ombros coletivo. porque depois de semanas, meses, anos nesse jogo sujo, tudo começa a parecer normal. ignorar leis? normal. reescrever regras? normal. reverter direitos? normal. até que um dia, sem perceber, as pessoas acordam em um mundo que jamais teriam aceitado no passado, mas que hoje já não têm forças para questionar. e quem provocou tudo isso? segue tranquilo, sem pressa, pronto para jogar mais um balde de caos na próxima rodada.