
o bom é bom para sempre. um relógio suíço de verdade continua funcionando depois de cem anos, enquanto seu smartwatch morre depois de três. um porsche 911 de 1973 ainda arranca suspiros e respeito, enquanto SUVs genéricos vêm e vão como itens de liquidação. “casablanca” ainda dá uma surra em qualquer blockbuster multimilionário cheio de CGI e diálogos escritos por comitê. “dark side of the moon” segue impecável, enquanto álbuns que bateram recordes de streaming hoje serão esquecidos na semana que vem.
mas aí vem a turma da modernidade, os entusiastas da obsolescência programada, os apóstolos do efêmero, tentando te convencer de que tudo precisa ser substituído o tempo todo. que o vinil é ultrapassado, que um livro físico é tralha, que seu carro antigo não tem “conectividade” e que um filme preto e branco é “lento demais”. essa gente que troca substância por novidade, que acha que um remix genérico melhora uma música que já era perfeita, que acredita que um aplicativo faz melhor o que um simples caderno já resolvia há séculos.
mas a verdade sempre vem. no silêncio da madrugada, um “blade runner” envelhece como vinho enquanto os efeitos visuais da moda já parecem toscos. um riff do led zeppelin ainda arrepia, enquanto a última tendência musical já soa como trilha sonora de elevador. uma velha leica ainda captura a alma de uma cena melhor do que qualquer câmera cheia de firulas digitais.
o bom é bom para sempre. e o resto? bem, o resto é só ruído branco para distrair quem tem medo do tempo.