
ah, o dia internacional da mulher. um dia necessário, incontestável, um lembrete de que sem elas nada teria sido construído, nada teria sobrevivido, nada teria avançado. um dia para celebrar, sim, mas também para lembrar que o caminho nunca foi fácil e que a luta está longe de terminar. porque se existe uma constante na história do mundo, é que as mulheres sempre precisaram fazer mais, lutar mais, resistir mais e, ainda assim, seguiram em frente.
e aqui estamos. um mundo que tenta aplaudir as mulheres sem precisar abrir mão dos privilégios que sempre segurou com unhas e dentes. um mundo que diz “vocês são incríveis”, mas ainda discute se devem ter controle sobre seus próprios corpos. que exalta “o poder feminino”, mas paga menos para elas. que finge que a igualdade chegou, mas ainda duvida quando uma mulher assume uma posição de liderança.
as mulheres são CEO’s, cientistas, escritoras, atletas, médicas, professoras, motoristas, donas de casa, artistas, engenheiras, cozinheiras, ativistas. constroem negócios, constroem conhecimento, constroem famílias, constroem revoluções. mas, ainda assim, precisam ouvir perguntas que nunca são feitas a um homem… “como concilia carreira e maternidade?”, “mas você não está exagerando?”, “tem certeza de que aguenta essa responsabilidade?” como se fossem eternas candidatas em fase de teste para uma posição que já ocupam com excelência.
mas sejamos justos, muita coisa mudou. porque as mulheres fizeram mudar. porque não esperaram permissão, não pediram desculpas por serem brilhantes, não aceitaram migalhas. porque entenderam que cada direito conquistado foi arrancado com esforço, nunca dado de bom grado.
e é por isso que o dia da mulher importa. não é sobre brindes corporativos idiotas ou frases bonitas em redes sociais. é sobre lembrar as que vieram antes e abrir caminho para as que virão depois. sobre reconhecer que, sim, há conquistas a serem celebradas, mas também há batalhas ainda sendo travadas. sobre perceber que mulheres não são uma categoria única, que existem em múltiplas formas, realidades e lutas.
existem as que comandam empresas e as que fazem malabarismo com três empregos para sustentar uma família. as que lutam por espaço no topo do mundo corporativo e as que lutam por dignidade básica em trabalhos informais. as que querem ser mães e as que decidiram que não. todas, sem exceção, enfrentam desafios que um homem sequer cogita existir. e todas, sem exceção, merecem um mundo que pare de vê-las como um grupo homogêneo, como se todas coubessem dentro da mesma narrativa simplista de “força feminina”.
o dia da mulher não é sobre colocar mulheres em pedestais. é sobre tratá-las como humanas, com direitos, com falhas, com escolhas. é sobre dar espaço, voz, respeito. sobre reconhecer que nenhuma mulher precisa ser uma heroína impecável para ser valorizada. sobre entender que o mínimo não é um presente, é uma obrigação.
então, que o dia da mulher seja celebrado. mas que seja celebrado com ações, não só palavras. que seja um dia de reflexão, mas também de mudança. que seja um dia de orgulho, mas também de cobrança. porque, no final, as mulheres não querem mais palmas. querem o que sempre foi delas… TUDO.