
hiperfoco. essa maldição gloriosa que a sociedade insiste em chamar de defeito. por anos, me fizeram acreditar que eu era um fracasso ambulante porque não conseguia seguir cronogramas, porque deixava tudo pra última hora, porque simplesmente não funcionava como o resto do mundo. mas sabe de uma coisa? foda-se o resto do mundo. eu descobri que essa coisa que me chamavam de “veneno” era, na verdade, um superpoder. um motor a jato escondido dentro do meu cérebro que, quando acionado, me fazia produzir em minutos o que outros levavam semanas.
e claro, teve sofrimento. porque a escola quer que você seja previsível, o trabalho quer que você seja organizado, e os gurus da produtividade querem que você bloqueie horários e monte bullet journals como se sua vida fosse um projeto do excel. eu tentei. deus sabe que eu tentei. comprei cadernos bonitinhos, fiz listas de tarefas, segui regras estúpidas que diziam que “a disciplina vence a motivação”. e adivinha? só serviu pra me fazer sentir ainda mais um impostor.
até que um dia eu aceitei. aceitei que minha mente tem seu próprio tempo, seu próprio ritmo, sua própria fome. e quando ela tem fome, meu amigo, não há nada que a detenha. esqueça planejamento, esqueça organização. trinta minutos antes de subir no palco pra falar pra mil pessoas, eu começo a montar minha apresentação. parece loucura? talvez. mas sabe o que acontece? a porra da coisa funciona. porque meu cérebro não trabalha bem com antecipação, ele precisa do calor da urgência, do fogo da necessidade. é no limite que ele brilha.
e não é só no trabalho. já tentei planejar viagens, fazer roteiros, marcar passeios com antecedência. um desastre. a verdade é que eu funciono melhor no improviso. enquanto os turistas organizadinhos seguem mapas e guias, eu me jogo no desconhecido e encontro lugares escondidos e inusitados. sem planejamento, sem roteiro, sem expectativa. apenas entrega total ao momento.
as pessoas me olham como se eu fosse um doido irresponsável. “como assim você ainda não começou aquele projeto?”, “como assim você não tem um plano b?”, “como assim você vai resolver tudo de última hora?”. e eu só dou um sorriso e espero. porque eu sei. eu sei que, quando chegar a hora, minha mente vai acender como uma explosão e tudo vai se encaixar. enquanto eles gastam tempo se preocupando, eu simplesmente faço.
hiperfoco não é um erro. é um presente. é aquele estado raro em que o tempo desaparece e tudo ao seu redor some, deixando apenas você e o que precisa ser feito. é aquele rush de adrenalina, aquela concentração afiada como uma navalha, aquele momento em que sua mente opera em uma frequência que os normais jamais vão entender.
e se você tem isso, se você já sentiu esse clique dentro de você, então sabe exatamente do que eu estou falando. então pare de tentar se encaixar, pare de se forçar a seguir o ritmo dos outros. abrace o caos. aceite o fogo. e, quando a hora certa chegar, entre na tempestade e destrua tudo.