
tô num estado que nem dá pra chamar de espírito. é mais um modo de operação… 100% intolerância gourmet, zero paciência pra bullshit com embalagem premium. cheguei num lugar onde “fazer parte” virou ofensa e “colaboração” soa como ameaça passiva-agressiva travestida de convite.
não é que eu esteja zen, longe disso. tô num tipo raro de paz… aquela que vem depois de muito caos, muito “sim” que deveria ter sido um “vai à merda” e projetos que eu aceitei só pra me lembrar, com gosto, do que eu nunca mais vou fazer.
tô intolerante. e isso é uma benção.
intolerante ao papo mole, à ideia vendida em ppt colorido, ao projeto que parece uma colônia de férias pro ego dos outros.
se me cheira a convenção de gente que se acha disruptiva porque usa tênis com blazer, eu já tô com o uber ligado.
não me venha com “vamos cocriar”. não me venha com brainstorming às 9h da manhã com pão de queijo e positividade forçada.
meu café não vem com emojis.
tô na fase em que escolho as trincheiras. e, por deus, tem trincheira que eu não entro nem com armadura de aço e promessa de bônus.
não me vendo por visibilidade. não quero seu palco. não quero selo de autenticidade digital.
me dá enjoo essa piração de parecer que se importa enquanto joga a alma no triturador.
o que eu quero?
quero projeto sujo, imperfeito, barulhento.
quero ideia que nasce no caos, não no comitê.
quero trabalhar com gente que sangra pelo que acredita, que não se desculpa por ser intenso, que ri alto e fala merda, mas entrega.
tô num estado em que recusar virou arte.
e recuso com prazer.
recuso com a elegância de quem já lambeu o asfalto e agora sabe o gosto do que presta.
e se parecer arrogante, ótimo.
é arrogância sim.
mas é uma arrogância merecida, suada, construída na base de ter dito “sim” demais pra coisa que nunca devia ter começado.
agora é “não”.
um “não” firme, ruidoso, cheio de ironia e consciência.
um “não” que não precisa de justificativa porque é óbvio demais pra ser explicado.
e sabe o melhor?
tô leve.
livre.
meio perigoso até porque agora eu sei exatamente o que não quero.
e isso me dá um tipo de poder que não vem com crachá.