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2025

guerras

guerras. elas estão aí antes da gente aprender a amarrar os sapatos. antes da roda, da cerveja, da democracia, antes de qualquer ideia estúpida de paz mundial. estavam ali, no código genético, programadas como uma falha ou talvez, e é isso que realmente assusta, como uma maldita funcionalidade. o ser humano ama um bom espetáculo de sangue. gladiadores, execuções públicas, reality shows com gente se esfaqueando verbalmente por fama… tudo a mesma merda embalada de forma diferente.

desde que um hominídeo olhou torto pro outro por um pedaço de osso, a humanidade vem escrevendo sua história com pólvora, espadas e drones. e o mais bizarro… a gente continua surpreso. “ai, guerra de novo?” como se fosse uma chuva inesperada. não, meu chapa. é clima fixo. o céu da humanidade é eternamente nublado por fumaça de explosão.

os gregos fizeram, os romanos aperfeiçoaram, os europeus industrializaram. e os modernos? eles transformaram em franquia. hoje, guerra tem branding, tem rede social, tem campanha de relações públicas. você vê um míssil cair e logo depois tem post patrocinado com bandeirinha e hino. virou um produto com slogan “pela liberdade”, “contra o terror”, “pelo futuro das crianças”. tudo mentira. é pelo petróleo, pela grana, pelo ego inchado de político meia-boca que nunca viu um campo de batalha na vida.

e ainda assim… a gente vibra. torce como se fosse final de copa do mundo. guerra virou entretenimento. documentários com trilha sonora emotiva, gráficos 3d, narração com voz grave… como se fosse uma série da hbo. a diferença? no final, ninguém aprende porra nenhuma. nunca aprendemos.

é como se o ser humano tivesse um pacto com o caos. toda vez que a paz começa a parecer possível, alguém cutuca a ferida. religião, território, raça, ideologia, ou só o velho desejo de ver o outro sangrar. e então, bum… lá vai o ciclo de novo. sempre com os mesmos ingredientes… jovens morrendo, velhos decidindo, gente inocente pagando o preço.

e o mais irônico é que a gente chama isso de “progresso”. desenvolvemos armas mais eficientes, mais limpas, mais “cirúrgicas”. como se fosse um ato de compaixão matar alguém com menos sujeira. como se fosse civilizado mandar um míssil com precisão milimétrica em vez de uma bomba suja. é como discutir qual garfo usar no jantar enquanto devora carne humana.

porque no fundo, no fundo… guerra é a mais honesta expressão da nossa hipocrisia coletiva. queremos paz, mas adoramos a adrenalina do conflito. falamos em amor ao próximo, mas o próximo precisa concordar com a nossa verdade, ou vira inimigo. é triste, é sujo, é profundamente humano.

a real é que guerra não é exceção. guerra é a regra. paz é que é o intervalo esquisito. o silêncio entre dois tiroteios. e se isso não te fizer perder o apetite, talvez seja hora de olhar no espelho e admitir… tem um soldado dentro de cada um de nós. pronto pra marchar. só esperando o próximo pretexto bonito.