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2025

mono

eu não quero um celular que faz tudo. eu quero máquinas que fazem uma coisa só… e fazem bem. ponto.

me dá um ipod só pra música. uma câmera só pra fotografar. um gravador só pra som. me dá aparelhos com propósito. com função clara. com botões de verdade e alma mecânica. não quero esse trambolho moderno que faz trinta coisas ao mesmo tempo e nenhuma direito. porque quando tudo é função, nada é essência.

o celular é o fast food da tecnologia. parece prático, parece completo, mas é um monte de atalho disfarçado de inteligência. você tira uma foto? claro. com pressa, com filtro, com a câmera suja de dedo. ouve música? sim, enquanto responde e-mail, enquanto posta story, enquanto o algoritmo decide o que você gosta. nada é inteiro. tudo é distração.

mas quando eu pego um ipod velho, um daqueles tijolos com click wheel e alma de jukebox portátil, eu tô só ouvindo música. só isso. e isso basta. eu escuto o disco inteiro. na ordem. com atenção. como se cada faixa fosse um ritual. e é. cada aparelho desses é um templo. um altar pra uma experiência específica. pura. limpa. sem interferência.

a câmera? ah, a câmera. aquela máquina que só serve pra fotografar. que não notifica, que não vibra, que não tenta me vender nada. eu aponto, enquadro, clico. e pronto. sem dez filtros. sem IA me sugerindo ajustes. só a luz, o olhar, o momento. a foto. a porra da foto. e não uma selfie apressada entre duas mensagens de trabalho.

esses equipamentos mono função têm peso. têm textura. têm dignidade. você sente o clique. sente o botão responder. sente que existe uma conversa ali entre homem e máquina. não é tudo touchscreen liso e anônimo. é físico. é tátil. é íntimo.

e o melhor… eles acabam. têm fim. têm botão de desligar. o ipod não vai te lembrar de beber água. a câmera não vai te mandar notificação de clima. eles não tentam te salvar. só cumprem seu papel, com simplicidade e precisão quase poética.

eu prefiro isso. porque cada máquina dessas me devolve uma coisa que o celular roubou… atenção. foco. intenção. fazer uma coisa por vez, mas fazer direito. como deve ser.

então sim, eu ando com três ou quatro aparelhos separados. e adoro. porque quando cada coisa tem sua função, cada momento tem seu sentido. e viver, no fim, é isso… prestar atenção no que se está fazendo.

o resto é ruído de notificação.