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2025

i.s.r.u

tá nos documentos da nasa.
isru: in-situ resource utilization.
um nome pomposo pra algo que, no fundo, é puro instinto.
não é tecnologia, é sobrevivência.
é a arte, e a teimosia, de não levar tudo de casa.
de não depender da terra pra continuar respirando quando você estiver a 200 milhões de quilômetros de distância.

os engenheiros escrevem relatórios sobre isso, discutem em painéis e simpósios.
mas pra mim, isru nunca foi só sobre marte, ou a lua, ou o próximo asteroide mineralizado.
pra mim, isru é a essência do que significa estar vivo, agora.

isso virou meu modo de operar.
não é sobre ter todos os recursos.
é sobre extrair deles tudo o que é possível.
é sobre olhar ao redor, às vezes pro nada, e mesmo assim começar a construir.

porque a vida, cara… a vida real, aquela que te cobra mesmo quando você tá quieto, raramente entrega o pacote completo.
ela joga meia chance, um pedaço de ferramenta, um terreno quebrado e diz… se vira.
e isru é isso.
é o se vira elevado à filosofia.
é não esperar.
é não depender.
é não reclamar.
é olhar pro improvável e dizer: ok. vai ser daqui mesmo.

eu vivo assim porque não sei viver de outro jeito.
não espero mais o cenário ideal.
não acredito em momento certo.
acredito em começar agora, com a bagunça que tiver, com o que sobrou, com o que ninguém quis.
e transformar isso em impulso.

é isso que isru me ensinou.
que liberdade não é conforto.
é autonomia.

e isso, pra mim, é muito mais do que uma estratégia espacial.
é uma filosofia de rua.
de vida.
de quem acorda todo dia num mundo que não te deve nada, mas mesmo assim oferece matéria-prima se você souber onde cavar.

então não.
não é sobre marte.
é sobre mim.
é sobre você.
é sobre todo mundo que já teve que levantar sem ter tudo pronto e, mesmo assim, foi lá e fez.
é sobre transformar escassez em estrutura.
limite em caminho.
e silêncio em resposta.

isso é isru.
não é só uma sigla da nasa.
é uma escolha.
e eu escolho viver assim.
com o que der.
com o que tiver.
com o que for.