
trabalho hoje virou uma corrida de sprint, onde a velocidade e a produtividade são tratadas como os únicos indicadores de sucesso. é sobre responder a mais e-mails no menor tempo possível, pular de reunião em reunião sem nem ter tempo para refletir sobre o que foi dito, e depois ainda ter que se virar com o resto das tarefas diárias. e o pior? todo mundo parece estar orgulhoso disso, como se a rapidez com que você marca “feito” numa lista de tarefas fosse um atestado de competência.
mas, sabe, qualidade não é algo que se mede em minutos ou horas. ela requer algo que as empresas, na sua fome insaciável por mais, não sabem mais valorizar: paciência. sim, aquela mesma paciência que você precisa pra cozinhar um bom molho caseiro ou pra esculpir algo que vale a pena. mas quem tem tempo pra isso no ambiente corporativo, onde tudo é pra ontem? onde os prazos são apertados não porque são necessários, mas porque a cultura do “mais rápido” tomou conta de tudo.
e essa pressa constante nos rouba o essencial: tempo para pensar, para refletir, para criar com profundidade. as melhores ideias não surgem enquanto você está correndo de uma tarefa para outra. elas aparecem no espaço entre os compromissos, naqueles momentos de pausa que ninguém mais parece se dar ao luxo de ter. mas no ambiente corporativo atual, onde tudo é uma questão de entregar resultados o mais rápido possível, parar para pensar é quase visto como desperdício de tempo. é como se a qualidade tivesse que ser sacrificada no altar da velocidade.
e aí a gente se pergunta: será que a pressa realmente vale a pena? ou estamos só nos acostumando a produzir mais e mais coisas que, no fundo, não têm alma, não têm profundidade? claro, a eficiência é importante, mas quando ela se torna uma obsessão, o que sobra? tarefas feitas pela metade, decisões tomadas no piloto automático e uma enxurrada de projetos que entregam o mínimo necessário, mas nunca algo realmente memorável.
então, enquanto todo mundo corre para ser o mais rápido, prefiro ir na contramão. prefiro o trabalho que respeita o tempo que as boas ideias demandam, que entende que paciência não é inimiga da produtividade, mas sim sua aliada. as coisas que realmente valem a pena – seja um projeto criativo, uma solução inovadora ou até mesmo uma simples conversa significativa – não acontecem no ritmo frenético que a cultura de trabalho atual impõe. elas precisam de espaço, de reflexão, de tempo.
mas, claro, dizer isso em voz alta no escritório moderno é quase como confessar um crime. afinal, a palavra de ordem é “agilidade”. mas a verdade é que, na pressa de fazer mais, estamos esquecendo como fazer melhor. e é por isso que, enquanto os outros correm, continuo questionando essa lógica do trabalho a qualquer custo. não é só sobre fazer rápido. é sobre fazer bem. e isso, meu caro, leva tempo. tempo que a maioria de nós não está mais disposto a gastar – e aí está o verdadeiro problema.