
na corte impiedosa das redes sociais, contexto não vale absolutamente nada. aqui, a verdade é um detalhe inconveniente, descartado em favor de reações rápidas e sentenças sumárias. vivemos numa era em que a nuance foi assassinada a sangue frio, e o julgamento instantâneo é o esporte favorito. se uma frase pode ser tirada do contexto e usada como munição, então, parabéns, você acaba de se tornar o réu em um julgamento público onde a única prova necessária é uma captura de tela fora de contexto.
é uma cultura onde o cancelamento virou moeda corrente, e a empatia? essa foi expulsa do tribunal há muito tempo. ninguém quer saber o que você realmente quis dizer, as suas intenções, ou os detalhes que poderiam, deus nos livre, humanizar a discussão. o que importa é a rapidez com que se pode apontar o dedo, disparar um tweet venenoso e seguir em frente para o próximo linchamento digital. contexto? quem precisa disso quando a narrativa já foi decidida?
é quase cômico, se não fosse trágico, como o que deveria ser uma plataforma para troca de ideias e expansão de perspectivas virou um campo minado onde cada palavra é uma armadilha. o pior é que esse tribunal digital não tem juiz, não tem júri, e certamente não tem defesa. é o velho oeste moderno, onde o gatilho fácil substituiu o diálogo, e a justiça cega de verdade – porque ninguém se dá ao trabalho de abrir os olhos para enxergar o quadro completo.
no final das contas, o tribunal das redes sociais não quer justiça, quer sangue. e enquanto isso, a verdade – aquela coisa chata e complicada – se esconde nas sombras, fugindo do enxame de julgamentos apressados e mal-informados. então, da próxima vez que você se pegar prestes a julgar alguém com base em um fragmento de informação, pergunte-se: será que você está realmente entendendo, ou só seguindo a turba com tochas e forquilhas? porque, na corte das redes sociais, a única coisa que se tem certeza é que o contexto é irrelevante – e, no fundo, ninguém se importa com o que realmente aconteceu.