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2024

chegou

lembra quando a gente crescia ouvindo aquela ladainha de que, se não cuidássemos do planeta, nossos filhos e netos pagariam o preço? era uma ameaça meio distante, quase fictícia, que fazia a gente pensar num futuro apocalíptico bem lá na frente. o problema? esse futuro já chegou. não estamos mais falando sobre o mundo inabitável que nossos netos vão herdar – estamos vivendo nele. o que prometiam ser um pesadelo distante, tá acontecendo bem debaixo dos nossos narizes.

sabe aquele calor infernal em pleno inverno, que faz você pensar se tá no mês errado? as florestas queimando, o ar irrespirável em cidades grandes, a água sumindo aos poucos. e a gente, fingindo que tá tudo bem. os “especialistas” dizem que ainda temos tempo, que se fizermos pequenos ajustes – reciclar aqui, comer menos carne ali – podemos salvar o que sobrou. mas, sejamos honestos: não é só sobre diminuir o uso de plástico, não é sobre fazer um post no instagram em homenagem ao dia da terra.

nós estamos vivendo o futuro distópico que prometiam pra gerações que viriam depois da gente. só que ninguém quer encarar essa verdade. as conversas sobre mudança climática já não são mais sobre evitar o desastre. é sobre tentar sobreviver em meio a ele. e sabe o que é pior? enquanto você tá aí se preocupando em apagar a luz pra economizar energia, tem corporações gigantescas lucrando com essa destruição, nos vendendo a falácia de que estamos no controle. “ah, mas nós somos sustentáveis”, eles dizem, enquanto sugam até a última gota do planeta.

meu filho, que ainda nem entende o que tá acontecendo, vai crescer num mundo onde respirar ar puro pode ser um luxo, onde a palavra “verão” e “inverno” vão perder o sentido, e onde a gente vai continuar fingindo que dá pra consertar esse caos com campanhas bonitinhas de ESG e slogans de “consciência ambiental”. e sabe o que é mais revoltante? não é uma questão de “se não fizermos algo agora, nossos filhos sofrerão”. eles já estão sofrendo, nós já estamos sofrendo. estamos no meio do desastre, mas todo mundo insiste em continuar com a cabeça enfiada na areia.

então, sim, eu me preocupo com o que meu filho vai enfrentar, mas não como a gente falava antigamente. não é mais sobre prevenir o pior. é sobre aprender a sobreviver no meio dessa bagunça toda, sabendo que o mundo que prometíamos evitar já tá aí, e a gente nem percebeu quando ele chegou.