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2024

hyperfoco

por muito tempo, me disseram que meu hyperfoco era um problema. “você precisa ser mais organizado”, “como assim deixa tudo pra última hora?”, diziam. parecia que eu estava sabotando a mim mesmo. eu me culpava, não entendia por que só conseguia montar apresentações minutos antes delas acontecerem. achava que tinha algo de errado comigo, que eu era desleixado, distraído, talvez até um pouco irresponsável.

mas, com o tempo, percebi que não era nada disso. o que eu achava que era um veneno, uma falha, na verdade era minha maior força. é nesse caos de última hora, quando o relógio corre contra mim, que as ideias vêm com força total. o hyperfoco não me atrapalha – ele me joga numa zona onde tudo desaparece, e só sobra o essencial. é quando eu paro de ouvir o barulho ao redor e começo a criar de verdade.

eu levei anos pra perceber que não funciono como todo mundo, e quer saber? tudo bem. não preciso de duas semanas de preparação pra entregar algo foda. é nesses quinze minutos finais que o melhor de mim aparece. enquanto o resto do mundo está controlando o tempo e seguindo listas, eu tô em outro nível de criação, onde tudo é intenso, real e visceral.

então, sim, o que antes parecia um veneno, hoje eu vejo como um superpoder. o que a sociedade chama de desorganização, eu chamo de fluxo criativo. e agora, em vez de me culpar, eu celebro isso.