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2024

me libertei

então, eu parei. decidi tirar um sabático dessa corrida patética atrás do próximo gadget brilhante que promete mudar minha vida – spoiler: não muda. cansei de viver nesse ciclo interminável de “obsolescência planejada”, onde cada lançamento é tratado como o segundo advento de cristo e, na real, é só um truque sujo pra te fazer sentir que o que você tem é lixo. ah, obsolescência planejada… que conceito brilhante, hein? quase poético. as empresas criam dispositivos já com a data de expiração embutida. genial. fazem você acreditar que seu celular de dois anos atrás – que funcionava perfeitamente ontem – de repente se tornou um tijolo imprestável porque, claro, agora ele não tem a câmera ultra-super-mega-wide que faz você parecer 2% menos miserável no instagram.

mas, sabe de uma coisa? eu cansei de ser refém disso. cansei dessa pressão ridícula de ter que estar na crista da onda tecnológica, como se cada novo lançamento fosse me fazer uma pessoa melhor, mais produtiva, mais conectada. como se o último modelo de celular fosse me revelar o segredo da felicidade enquanto eu desbloqueio a tela com o olhar, porque, aparentemente, usar os polegares se tornou primitivo.

então eu fiz a única coisa sensata: parei. desacelerei. olhei pro que já tinha nas mãos e pensei, “mas que diabos eu estou fazendo?” meu telefone ainda faz ligações. ainda manda mensagens. ainda tira fotos ótimas, e honestamente, se eu preciso de uma câmera com resolução absurda pra registrar cada momento da minha vida, talvez o problema seja eu, e não a qualidade da imagem. meu laptop, com seus arranhões e marcas de guerra, ainda me entende como ninguém, escreve minhas baboseiras sem travar. ele e eu, a gente tem história, um relacionamento real, não esse caso de uma noite que eles querem que eu tenha com o próximo lançamento.

e, olha, não é uma questão de nostalgia barata. não estou aqui glorificando o passado como um velho ranzinza que se recusa a mudar. é sobre perceber que esse frenesi de “inovação” é uma fraude. inovação de verdade é fazer algo durar, não substituir algo perfeitamente funcional só porque tem um modelo novo na vitrine. é quase como uma epifania. eu fui feito de otário por tempo demais.

então agora, eu curto meus gadgets “antigos” como quem saboreia um bom vinho que envelheceu bem. sem a pressão do próximo grande evento de tecnologia. sem o medo de ficar “pra trás”. porque, no fundo, a grande sacada é que a única coisa que realmente fica obsoleta nessa história toda é essa ideia absurda de que você precisa do último lançamento pra ser relevante.

parei de cair nessa. e sabe de uma coisa? é libertador.