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2024

aos restaurantes sem cardápio físico

ah, os famigerados cardápios digitais. a grande “inovação” da modernidade. porque, obviamente, segurar um pedaço de papel e ler o que o restaurante oferece é arcaico demais, certo? não, agora você precisa ser tecnicamente proficiente, um verdadeiro hacker, para simplesmente descobrir o que pode comer. nada diz “bem-vindo” como sentar e ser imediatamente obrigado a abrir o celular, procurar o aplicativo de câmera, escanear um código e navegar por um site que, com sorte, não vai travar. é como um ritual de iniciação na era digital, só que você não pediu para fazer parte.

quer dizer, você sai de casa, teoricamente para desconectar, e a primeira coisa que te obrigam a fazer é conectar. genial. você só queria comer um hambúrguer, mas agora tá ali, lutando contra a tela do seu celular, com o brilho no máximo, enquanto tenta decifrar se aquele prato embaixo de uma foto pixelada é mesmo o que você acha que é. claro, porque os restaurantes agora também se esqueceram de como fazer um site decente. o que temos são cardápios que mais parecem um powerpoint mal feito do ensino médio, onde você precisa dar zoom para ler e rezar para não clicar em algum botão que te faça voltar para a página inicial.

mas o que realmente me mata é a pretensão por trás disso. eles chamam de “modernidade” e “sustentabilidade”, mas no fundo, é só uma desculpa barata para cortar custo e te fazer carregar mais uma responsabilidade. afinal, pra que gastar com um cardápio impresso bonito, algo que você realmente pode tocar, sentir, ler com tranquilidade, se você pode jogar toda essa responsabilidade nas suas mãos? porque é isso que está acontecendo: eles transferiram o esforço pra você, sem baixar o preço, claro. ah, e que tal o toque final? depois de todo esse caos digital, o wi-fi do lugar é uma piada e seus dados móveis nem funcionam direito. agora você tá ali, sentado, com cara de idiota, tentando descobrir o que está disponível, enquanto o garçom te olha com aquele sorriso falso de “desculpa, só assim que a gente faz agora”.

e o melhor de tudo? não melhora a sua experiência nem um pouco. não é mais rápido, não é mais prático. é só uma maneira preguiçosa e impessoal de cortar a interação humana e transformar uma refeição em mais um item da sua interminável lista de tarefas diárias digitais. então, parabéns, agora até para escolher o que você vai comer você tem que estar plugado no sistema. e, claro, o restaurante ainda vai fingir que está te fazendo um favor. absolutamente brilhante.