
ser pai de uma criança de quase quatro anos? olha, se você acha que sabe alguma coisa sobre o mundo, ser pai vai te provar o contrário. é como ser o protagonista de uma peça de teatro onde o roteiro muda a cada segundo, e você nunca foi avisado. você pensa que vai ensinar, moldar, guiar? que nada. seu filho chega, revira seu mundo e te mostra que você não passa de um mero figurante no grande show da vida dele.
eles falam de “terríveis dois”, mas quatro anos é onde o verdadeiro show começa. com 4 anos, ele não só aprendeu a falar, mas a negociar. e não estamos falando de negociações comuns. é como sentar à mesa com um mafioso em miniatura que sabe exatamente o que fazer pra te fazer ceder. você achava que tinha alguma autoridade? esquece. um minuto você tá explicando por que não se pode comer cereal com suco de laranja, no outro, tá concordando com um desfile de pijamas em pleno almoço só pra ter paz por cinco minutos.
e a parte mais louca? no meio desse caos, ele te desmonta com uma pergunta que faria qualquer filósofo se contorcer. “pai, por que o céu é azul?” ou “pra onde vai a lua de dia?” – e lá vai você, um adulto, formado, com uma carreira, se pegando em debates existenciais com um ser humano que ainda não consegue alcançar a pia sem uma cadeira. você tenta dar respostas coerentes, mas no fundo sabe que ele já te venceu só pela pergunta. você não tem saída.
mas, aí vem a parte cruel: no meio dessas birras, dessas discussões sem sentido sobre a cor do copo ou por que ele não pode usar botas de chuva em dias de sol, surge aquele momento. ele te olha, sorri com aqueles olhos brilhantes, te abraça e diz, “você é o melhor pai do mundo”. e pronto. é um soco direto no estômago, de tão genuíno. você, que passou o dia inteiro resistindo ao caos, tentando manter alguma aparência de controle, se desarma por completo. porque é nesse momento que você percebe que, por mais insano que seja, não tem nada melhor no mundo.
paternidade não é sobre ser o chefe. não é sobre ditar regras ou manter a ordem. é sobre abraçar o caos, aceitar que você vai passar os próximos anos sendo desafiado, desconstruído e reconstruído por uma criança que te vê como uma mistura de herói e companheiro de viagem. e, acredite, você vai aprender muito mais com ele do que ele jamais vai aprender com você.
no fim das contas, ser pai é a única aventura que te deixa exausto, confuso, emocionalmente destruído e, ainda assim, estranhamente feliz. porque, no meio desse mar de negociações insanas e perguntas impossíveis, você se dá conta de que tá criando um ser humano que te faz questionar tudo, rir das coisas mais absurdas e, de alguma forma, encontrar beleza no caos. é um inferno delicioso e a única coisa que você jamais trocaria.