
por que eu escrevo? olha, vou te dizer: não é porque eu espero mudar o mundo, e certamente não é porque acho que alguém está lá fora aguardando ansiosamente cada palavra que sai da minha cabeça. eu escrevo porque é o único jeito de manter minha sanidade em ordem. é como esvaziar a lixeira mental, colocar toda aquela porcaria que fica rodando sem parar em algum lugar que não seja a minha cabeça.
escrever é meu jeito de pegar as minhas próprias contradições, as obsessões e as frustrações, e transformar tudo em algo que ao menos pareça ter sentido. cada palavra é uma forma de domar os demônios, de dar forma ao caos e rir na cara daquilo que, se eu deixasse, acabaria comigo. eu me sento, olho para aquela página em branco, e despejo tudo ali. é como soltar a tampa de uma panela de pressão antes que tudo exploda.
e se eu estou sendo honesto, é também uma questão de controle. no papel, eu mando. a vida lá fora, nem tanto. mas quando escrevo, pelo menos por alguns minutos, sou o dono do meu universo. não há limitações, não há ordens. eu coloco as regras, eu queimo as pontes, eu invento o que bem entender. e, de alguma forma, isso dá uma sensação de poder que quase compensa toda a loucura. é um jogo de sobrevivência que só eu entendo.
mas, sabe o que é mais irônico? enquanto escrevo, algo mágico acontece. no meio desse processo egoísta, eu começo a ver as coisas de um jeito diferente. porque quando tudo está ali, impresso, sou forçado a encarar a verdade, por mais desconfortável que seja. e, de repente, o que começou como uma tentativa de exorcizar meus fantasmas vira uma forma de autoconhecimento. eu termino uma página, e o que eu ganho? um vislumbre de mim mesmo que eu nunca teria percebido se não tivesse sentado pra escrever.
então, eu escrevo. porque, no final, não importa o quão ridículo ou frustrante o mundo possa ser, sempre há algo de belo em se encarar de frente e dizer: “aqui estou eu, com todos os meus defeitos e dúvidas.” porque, de alguma forma, ao escrever, eu me descubro mais inteiro. e é isso que faz valer a pena.