
quer saber o código para viver fora da matrix? aquela receita que todo mundo conhece, mas ninguém tem coragem de seguir? está na ponta da língua, mas poucos têm o estômago pra realmente encarar. a verdade é que você só encontra a saída quando aprende a cortar o ruído, a ignorar a falsa urgência e, principalmente, a escolher de verdade como gastar seu tempo. viver bem não tem nada a ver com encher a agenda ou estar sempre disponível. viver bem é sobre dizer “não” ao que suga sua energia e “sim” ao que faz sentido. e quase nunca é a mesma coisa.
começa pelos e-mails. ah, os e-mails. um oceano de solicitações, calendários, reuniões que poderiam ser resolvidas em uma mensagem rápida. então aprendi a grande arte de excluir. sem cerimônia, sem drama. deletar e-mails não é grosseria, meu amigo, é estratégia de sobrevivência. o que realmente importa vai encontrar uma maneira de chegar até mim. o resto? ruído, peso morto. e no whatsapp? faço a mesma coisa. arquivo mensagens sem abrir, como quem varre as sobras da mesa. aquele áudio de cinco minutos que chega sem aviso? ouço só se tiver a garantia de uma história sensacional. senão, deixo lá. o mundo continua girando, e minha paz de espírito segue intacta. não é uma questão de grosseria; é saber que minha atenção é um recurso precioso, e eu não vou gastá-lo com qualquer coisa.
quanto ao correio de voz… bom, nem perco meu tempo. pensa comigo: estamos em 2024, e ainda tem gente tentando te convencer de que você precisa de correio de voz? se é urgente, existe mensagem, existe ligação direta. correio de voz, pra mim, é como aqueles panfletos de pizzaria que entopem a caixa de correio – ninguém quer, ninguém pediu, mas lá estão, insistindo. então, decidi: correio de voz, não. quem precisa falar comigo de verdade já sabe onde me encontrar. e adivinha? o mundo continua girando. minha sanidade agradece.
viajar só a trabalho? é como ir a um restaurante e pedir o prato mais sem graça do cardápio. o sujeito atravessa o planeta, mas só vê o aeroporto, a sala de conferências e, com sorte, o bar do hotel. isso é viver? pra mim, não. se eu vou cruzar o oceano, vou querer muito mais do que uma apresentação formal e uma noite sem sal com desconhecidos. vou querer o inesperado, a chance de me perder pelas ruas, de achar um boteco onde ninguém se importa quem eu sou, de comer algo que eu nunca mais vou encontrar. isso, para mim, é o verdadeiro motivo de se viajar. e se não há tempo para isso, então para que gastar passagem? prefiro ficar em casa, de boa.
e conferências? ah, as conferências. o altar da produtividade vazia. aquele lugar onde as pessoas fingem escutar atentamente, enquanto se preocupam em parecer ocupadas, como se tivessem decifrado algum grande mistério do universo. só me encontram em uma dessas se eu estiver no palco, e ainda assim, só se eu tiver algo que valha o tempo de quem escuta. fora isso, não gasto um segundo naquele teatro mal ensaiado.
e é por isso que hoje eu me recuso a abrir mão do tempo que realmente importa. recuso. faço questão dos jantares com minha família, de horas em volta de uma mesa cheia de pratos e histórias, onde a conversa vai longe e ninguém olha para o relógio. e sim, dessas conversas que vão e voltam, dos risos que preenchem cada espaço, até ninguém saber mais onde uma história termina e outra começa. esses momentos são como o descanso entre pratos de uma refeição de verdade – são a pausa, o sabor, o que dá sentido ao restante.
me recuso a viver só de agendas lotadas, de tarefas marcadas com hora exata. porque no final, a vida já é apressada demais. o que realmente vale são os momentos que você escolhe viver e, principalmente, as pessoas com quem você escolhe estar. o resto? ah, o resto é ruído.