
a coisa mais subversiva que você pode fazer hoje em dia, num mundo que celebra a produtividade como uma religião e a correria como se fosse algum tipo de medalha de honra, é simplesmente não fazer nada. nada mesmo. não aquela versão gourmet de “não fazer nada” onde você bota uma playlist de meditação, se entope de kombucha e chama isso de “mindfulness”. eu tô falando de um não fazer nada raiz, cru, sem propósito, sem um pingo de culpa ou plano.
porque a verdade, que ninguém quer admitir, é que a nossa obsessão com estar sempre ocupado, com sempre “melhorar” alguma coisa – o corpo, a mente, a carreira, até o feed do instagram – é só um jeito de fugir do pavor existencial que é sentar sozinho com a própria cabeça. deus nos livre do silêncio, não é? o silêncio faz perguntas que ninguém quer responder. quem você é quando ninguém está olhando? qual é a graça de correr tanto se a linha de chegada é a mesma pra todo mundo: a cova?
mas aqui está o segredo que ninguém te conta: quando você para, de verdade, e não faz nada – nem mexer no celular, nem ler um livro, nem planejar o próximo mês – você começa a perceber coisas. o som dos seus próprios pensamentos. o sabor de um café bebido sem pressa. o modo como a luz entra pela janela às quatro da tarde. é quase como se o mundo desacelerasse junto com você, só pra te lembrar que a vida não é só uma to-do list infinita.
claro, a sociedade vai te chamar de preguiçoso, inútil, talvez até irresponsável. o capitalismo odeia quando você se recusa a produzir ou consumir – é como se você estivesse traindo a matriz. mas, sinceramente, foda-se a matriz. você não precisa ser um “melhor” você. às vezes, só estar aqui já é o bastante. e se você consegue encontrar beleza em não fazer nada, mesmo que só por cinco minutos, já é mais do que a maioria das pessoas vai conseguir na vida inteira.
então, faça isso: largue tudo, deite no sofá e olhe pro teto. sem podcasts, sem vídeos do tiktok, sem culpa. não fazer nada pode não te deixar mais rico, mais magro ou mais esperto, mas quem disse que você precisa ser alguma dessas coisas? às vezes, só ser já é o bastante. e quer saber? é libertador.