
ok, vamos realmente descascar essa cebola apodrecida que é a obsessão moderna por produtividade. esse culto ao “faça mais, seja mais, alcance mais” que transformou até as horas de sono em uma maldita competição. porque claro, dormir 8 horas como um ser humano normal agora é coisa de fracassado. o mantra é “trabalhe enquanto eles dormem”. aham, claro. trabalhe até a exaustão, vire um zumbi funcional, mas lembre-se de usar um aplicativo de mindfulness no intervalo entre uma reunião inútil e outra para fingir que está tudo sob controle.
e o mais insuportável é essa propaganda de que ser produtivo é o ápice da realização pessoal. como se a vida fosse uma corrida interminável onde o prêmio é o direito de postar no linkedin que você “superou todas as metas do trimestre”. e aí vem o famigerado guru de internet — aquele mesmo que vende ebooks e cursos sobre “como ser a melhor versão de si mesmo”. eles te convencem de que a vida perfeita começa com um banho gelado às 5 da manhã, seguido por 30 minutos de yoga, um suco verde que parece vômito de alface e um diário de gratidão que você escreve só para provar que está se esforçando para ser grato por essa prisão autoimposta.
mas vamos encarar a verdade: ninguém sabe por que estamos nessa corrida. dinheiro? status? medo de ficar para trás? ou é só que ninguém quer encarar a realidade nua e crua de que talvez a vida seja, no fundo, incrivelmente banal? sim, banal. com sorte, você vai comer algo decente, ter um bom sexo ocasional, e passar as noites vendo reprises de uma série que perdeu a graça depois da terceira temporada. mas admitir isso seria blasfêmia no reino da alta performance. então você finge. finge que aquele planner caro vai mudar sua vida, finge que ler mais um livro de autoajuda vai finalmente “desbloquear seu potencial”. spoiler: não vai.
e sabe o que é pior? toda essa ladainha da produtividade só te deixa mais ansioso. no final do dia, você não está mais rico, mais feliz ou mais satisfeito. está exausto, paranoico e com a sensação persistente de que não fez o suficiente. porque o suficiente não existe. é uma cenoura pendurada na sua frente, mas o bastão é infinito. e é aí que entra a grande verdade que ninguém quer admitir: às vezes, a coisa mais produtiva que você pode fazer é absolutamente nada. ficar na cama até tarde, comer uma porcaria qualquer, assistir um filme idiota e não mover um músculo a mais do que o necessário. isso não vai te fazer mais rico, mais magro ou mais influente no instagram, mas, adivinha só? também não vai te matar.
então aqui está meu conselho: esqueça o banho gelado. desligue o alarme das 5 da manhã. deixe o planner pegar poeira. sente-se, respire e aprecie o glorioso nada. porque, no final das contas, a produtividade nunca vai preencher o vazio. e talvez, só talvez, o vazio seja exatamente onde você precisa estar.