Categorias
2024

reuniões

ah, reuniões. o momento em que o capitalismo decide que você não tem mais alma e resolve roubar as poucas horas de vida que te restam. um circo de mediocridade onde todo mundo se acha indispensável, mas ninguém realmente faz nada. é como ser convidado para um jantar elegante, mas o menu inteiro é papelão molhado e o vinho é suco de uva estragado. mas, claro, com apresentação em powerpoint.

começa assim: um convite inútil, com palavras tão vazias quanto promessas de ano novo. “estratégia”, “alinhamento”, “sinergia”. essas palavras são como purpurina jogada em um pedaço de cocô. não importa o quanto brilhem, ainda é lixo. mas você vai. porque é isso que fazemos, certo? fingimos que essas pantomimas corporativas importam, enquanto por dentro só queremos um meteoro que acabe com tudo.

e então, o show começa. uma sala fria – ou uma call onde a metade das câmeras está desligada, mas o chefe insiste em falar como se estivesse pregando na ONU. tem o cara que monopoliza o tempo porque acha que sua opinião é uma joia rara. a colega que só repete o que todo mundo já disse, mas usando palavras diferentes, achando que está contribuindo. e você, ali, como um refém, rezando para o tempo passar mais rápido. spoiler: não vai.

os melhores momentos? quando alguém solta pérolas como: “vamos revisar isso juntos” ou “precisamos de uma solução colaborativa”. mentira. ninguém quer revisar nada. ninguém quer colaborar. o que eles querem é sair da reunião com a consciência limpa de que foram “produtivos” enquanto o mundo real lá fora pega fogo. e aquele slide que levaram três dias para fazer? não será usado. nunca. vai direto para a lixeira, onde aliás deveria ter ido desde o começo.

e, claro, tem a cereja do bolo: a reunião que gera outra reunião. porque nada grita “ineficiência” como marcar um follow-up para discutir os mesmos pontos que acabaram de ser debatidos. é como um filme ruim com uma sequência ainda pior. mas o ingresso já está pago e, no fim, você nem se lembra mais por que começou a assistir.

reuniões não são para resolver problemas; são para fazer todo mundo se sentir importante enquanto o relógio corre e a vida passa. são a verdadeira prova de que a humanidade está condenada – não porque somos maus, mas porque somos desesperadamente entediantes.