
olha, valorizar rituais na vida é o equivalente emocional de fazer um bom mise en place na cozinha: parece besteira até você perceber que sem isso sua vida é uma bagunça caótica e insuportável. mas claro, a maioria de nós vive num eterno fast food emocional. tudo no drive-thru, sem parar pra mastigar, engolindo qualquer porcaria sem nem se dar conta do gosto. e sabe o que acontece? um belo dia você acorda e percebe que sua vida tá mais insossa que um peito de frango sem sal. parabéns.
os rituais – esses pequenos gestos quase insignificantes – são o tempero que evita essa tragédia. não tô falando de se enfiar em cerimônias elaboradas dignas de um filme do wes anderson. não precisa de taças de cristal nem incensos exóticos. tô falando de coisas simples, pequenas. o ritual de moer o café na hora, sentir o aroma subindo enquanto você ainda tá de pijama. o ritual de abrir um livro como se fosse um portal pra outro mundo, deixando o resto pra depois. o ritual de cortar os legumes com calma, em vez de simplesmente tacar tudo no micro-ondas e chamar de jantar.
a questão é que a gente vive num mundo que odeia rituais. valorizar essas coisas é quase subversivo. o mundo quer que você acorde, engula um café horroroso numa caneca genérica, e saia correndo pra bater ponto na sua existência medíocre. mas dar valor aos rituais é dizer: “não, eu não vou ser só mais um idiota no automático. vou sentir as coisas. vou tornar minha vida minimamente digna de ser vivida.”
e antes que você me venha com esse papo de “ah, mas quem tem tempo pra isso?”, deixa eu te contar: tempo não se acha, tempo se toma. você tem tempo pra perder horas no tiktok vendo receitas que nunca vai fazer, mas não tem cinco minutos pra acender uma vela e comer um pedaço de queijo como se fosse um rei da renascença? por favor. não é sobre tempo, é sobre prioridades. é sobre escolher dar um foda-se pro caos e criar momentos que são seus, mesmo que o mundo esteja pegando fogo lá fora.
então, meu conselho? arrume a mesa, mesmo que você vá comer miojo. passe manteiga no pão como se estivesse pintando uma obra-prima. escolha um disco, um filme, um chá quente. transforme qualquer dia miserável em algo que pareça, pelo menos por um instante, menos banal. porque, no final das contas, os rituais são tudo que temos entre o nascimento e a morte. tudo o que nos separa de viver como uma barata.