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2024

ser tio

ser tio é como ser aquele chef que nunca segue a receita, mas o prato sempre sai bom – ou pelo menos, comível. é um papel gloriosamente anárquico, um coquetel de caos e charme que só funciona porque ninguém realmente espera nada de você além de aparecer e não estragar tudo. e, convenhamos, até isso é negociável.

o trabalho, se é que dá pra chamar assim, é simples: ser o provocador residente, o agente do caos em menor escala, e, acima de tudo, a ponte que transforma primos em cúmplices. porque vamos ser honestos, primos só são parentes até que você jogue todos juntos numa sala com algumas balas, uma música alta, e o tipo certo de energia mal canalizada. aí, meu amigo, eles viram uma gangue. e adivinha quem é o mentor do crime? isso mesmo: o tio.

o truque é transformar encontros em algo mais do que jantares chatos e conversas que ninguém quer ter. é colocar todo mundo pra correr no quintal até que alguém volte sangrando – não muito, só o suficiente pra deixar a coisa emocionante. é ensinar ao seu filho que os primos não são só parentes que aparecem em festas de família, mas um arsenal de histórias, piadas internas e rivalidades eternas. eles são o playground dele, com um toque de perigo.

ser tio é bancar o rebelde autorizado. você ensina o truque do baralho que parece mágica, mas na verdade é só trapaça. você dá aquele presente que faz barulho, consome pilhas e vai irritar os pais por meses. é mostrar ao seu filho que a vida é mais divertida quando você tem aliados – especialmente aqueles que compartilham seu DNA e seu gosto por planos questionáveis.

e no meio disso tudo, você ainda ganha pontos por ser aquele que aparece com uma ideia estúpida, mas brilhante. um passeio que ninguém queria, mas que acaba sendo o dia que todos vão lembrar. uma aposta idiota sobre quem consegue comer mais marshmallows. ou simplesmente ser o cara que deixa as crianças pisarem em poças sem enlouquecer.

é uma missão ingrata? às vezes. você é o herói e o vilão da história, dependendo de quem pergunta. mas é também a chance de transformar a infância do seu filho e dos primos em algo mais: uma história cheia de risadas, aventuras improvisadas, e aquela sensação de que, com o tio por perto, tudo é possível – e um pouco perigoso.