
há algo de profundamente exaustivo, quase claustrofóbico, em lidar com pessoas animadas demais. sabe do que estou falando, né? aquelas criaturas que parecem ter acordado após um banho de glitter, cheirado um balde de açúcar e decidido que a vida delas é um comercial de iogurte grego. elas são o equivalente humano de uma bomba de confete: barulhentas, pegajosas e impossíveis de ignorar. tudo é “amazing”, “incrível”, “uau”. como se o simples fato de estarmos respirando fosse digno de uma parada de carnaval.
é como dividir espaço com uma personagem de série ruim da netflix, onde todos os problemas podem ser resolvidos com “positividade” e um copo de matcha latte. sabe o que cansa? essa demanda constante de reciprocidade. porque, ao lado delas, você automaticamente se torna o cínico, o “de mal com a vida”. o problema nunca é o mundo, é você. “você só precisa mudar sua perspectiva!”, dizem elas, com um sorriso que parece fisicamente doloroso. não, minha querida. o problema não sou eu. o problema é que você está agindo como se tivesse descoberto a cura para o tédio existencial, quando claramente só está fugindo dele com toda essa efervescência insuportável.
não me entenda mal. eu não sou contra alegria. quem sou eu para negar a alguém o direito de ser feliz? mas essa felicidade performática, essa necessidade de empurrar sua euforia goela abaixo do resto da humanidade, isso me faz querer abrir um buraco na terra e me esconder. porque, vamos ser sinceros, ninguém é tão feliz assim. e, se for, isso me faz desconfiar seriamente do seu equilíbrio emocional.
às vezes, tudo o que eu quero é sentar em silêncio. contemplar a existência com um pouco de melancolia, talvez uma taça de vinho tinto. mas não. lá vem a tropa de choque do “vibe positiva” com suas frases de almanaque: “você só vive uma vez”, “pense no lado bom”. honestamente? o lado bom da vida é que essas pessoas, eventualmente, vão embora. e eu vou poder voltar a ser um ser humano funcional, sem me sentir um Grinch por simplesmente não querer participar do circo delas.
então, não, não sou “negativo”. eu só prefiro viver num tom menos ensurdecedor. e, se isso faz de mim um insuportável, que assim seja.