
o fascinante espetáculo dos entusiastas do trabalho. você sabe do que estou falando: aquele ser humano iluminado que trata o ambiente corporativo como se fosse o palco principal da broadway. o tipo de pessoa que acorda às 5h da manhã para correr uma maratona metafórica enquanto recita frases de motivação do tipo “você é o dono do seu destino” no espelho do banheiro. essas criaturas, radiantes de energia e positividade, exalam um entusiasmo que não só cansa, mas sufoca a alma de quem está apenas tentando sobreviver ao dia.
o problema dessas pessoas não é que sejam felizes no trabalho (o que já seria motivo suficiente para suspeitas). é a forma como querem espalhar essa empolgação tóxica como um vírus. elas não conseguem simplesmente amar o trabalho em silêncio; precisam fazer você amar também. é o tipo de gente que transforma a reunião da manhã em uma espécie de comício motivacional, onde cada deadline é uma “oportunidade de crescimento” e cada planilha do excel é uma obra de arte em potencial.
e vamos combinar: não é só exaustivo, é desonesto. porque ninguém — ninguém — pode ser genuinamente tão apaixonado por bater ponto, preencher relatórios e lidar com clientes passivo-agressivos. se você está transbordando de alegria às 18h de uma terça-feira, com certeza está mascarando alguma crise existencial profunda. talvez seja uma tentativa desesperada de se convencer de que todo esse esforço vale a pena, que o sistema não te engoliu completamente. ou, pior, talvez você realmente acredite nesse teatro.
e o mais insuportável? eles esperam reciprocidade. não basta você fazer seu trabalho. você precisa fazer com entusiasmo, sorrindo, como se cada tarefa fosse um presente divino. se você não está com a mesma energia delirante, você é “negativo”, “resistente à mudança” ou, minha favorita, “falta espírito de equipe”. espírito de equipe? sério? meu espírito está ocupado tentando não se atirar pela janela enquanto você faz um monólogo sobre “alavancar sinergias”.
essas pessoas cansam porque são como quem mastiga de boca aberta: não dá para ignorar. elas monopolizam o oxigênio do ambiente com sua energia hiperativa, deixando pouco espaço para qualquer outra emoção. se você está apenas tentando navegar o caos diário, sem medalhas de ouro de “melhor funcionário do mês” no horizonte, elas te fazem sentir como o chato da turma. mas aqui está o segredo: você não é o problema. elas são.
porque a verdade é que trabalhar deveria ser um meio para viver, não o propósito da vida. e essas pessoas que tratam o trabalho como religião estão perdendo a melhor parte da existência: o prazer de desligar, de desacelerar, de não dar a mínima para uma meta corporativa. então, da próxima vez que aquele colega hiperativo aparecer com um sorriso brilhante às 8h e um discurso sobre “fazer a diferença”, lembre-se: quem está realmente vivendo a vida é você, com seu café frio e seu olhar de “só me deixem em paz até a hora do almoço”.