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2024

roma em chamas

imagine-se caminhando por roma, ano 476 d.c. não aquela roma majestosa das histórias de césar e augusto, mas a roma decadente, aquela onde os aquedutos estão rachados, o senado é uma piada, e os exércitos que deveriam proteger o império agora são mercenários que vendem lealdade pelo melhor preço. os bárbaros já não precisam invadir, a cidade está se desfazendo por dentro. soa familiar? porque é exatamente onde os estados unidos estão agora. um império à beira do colapso, liderado por um ex-apresentador de reality show e um bilionário que acredita ser o novo imperador filósofo, mas que na verdade é só um nerd com um ego inflado e uma conta bancária obscena.

donald trump e elon musk, a dupla que faz nero e calígula parecerem estadistas competentes, agora comandam o espetáculo do fim do império americano. trump, com seu talento inigualável para transformar política em um circo, e musk, o magnata que acha que pode administrar um país do mesmo jeito que administra uma rede social, demitindo metade dos funcionários e substituindo todo mundo por inteligência artificial até que tudo imploda. se nero queimou roma, trump e musk estão queimando washington, mas garantindo que a fumaça tenha um bom engajamento no twitter, ops x.

roma, antes de cair, começou a cortar gastos essenciais. educação? reduzida. infraestrutura? negligenciada. segurança pública? terceirizada. e os estados unidos? exatamente o mesmo roteiro. trump e musk já começaram a desmantelar a agência dos estados unidos para o desenvolvimento internacional (usaid), porque ajudar países em crise é algo que não gera lucro imediato. roma deixou suas províncias à míngua e depois se perguntou por que ninguém queria mais lutar por ela.

e, claro, temos o toque clássico do império em queda: a concentração de poder em mãos erradas. trump, como qualquer imperador decadente, nomeou musk para chefiar um órgão criado sob medida para que o bilionário possa brincar de czar da eficiência governamental. qual foi uma das primeiras coisas que musk tentou fazer? acessar o sistema financeiro do governo, porque nada diz “democracia” como um magnata tentando colocar as mãos nas contas do tesouro nacional. um juiz federal teve que intervir para impedir que um único bilionário tivesse acesso irrestrito às finanças do país. para os romanos, essa parte da história envolvia generais corruptos saqueando o tesouro imperial. nos estados unidos, são magnatas da tecnologia tentando fazer a mesma coisa, só que com um app e um comunicado de imprensa motivacional.

enquanto isso, a economia americana, que já foi a inveja do mundo, agora se parece mais com um cassino em que só os donos da casa ganham. roma também passou por isso: enquanto o povo mal conseguia pagar por pão, os senadores banqueteavam e aumentavam seus próprios salários. nos estados unidos, os bilionários fazem viagens ao espaço enquanto a classe média tenta decidir se paga o aluguel ou compra comida. trump, para tornar tudo ainda mais interessante, resolveu brincar de protecionismo econômico, impondo tarifas comerciais a canadá, méxico e china, sem se dar conta de que destruir cadeias de suprimento globais pode ser tão eficaz quanto tentar apagar um incêndio jogando gasolina.

o resultado? caos. as ações da tesla despencaram 7%, e musk perdeu us$ 13,3 bilhões em um único dia. alguém poderia imaginar que declarar guerra econômica contra seus próprios aliados poderia ter consequências ruins? aparentemente, não. roma também tentou manipular sua economia antes de cair, desvalorizando sua moeda, confiscando propriedades e inventando impostos insustentáveis. no fim, o sistema entrou em colapso, e ninguém mais confiava no governo. exatamente para onde os estados unidos estão indo.

e o exército? ah, o exército. roma, no fim, precisou contratar mercenários porque os cidadãos já não queriam lutar por um império falido. os estados unidos estão indo pelo mesmo caminho. o patriotismo que uma vez sustentou as forças armadas está evaporando, enquanto veteranos voltam para casa e encontram um sistema que não lhes dá nada além de abandono. mas o importante, claro, é continuar financiando a máquina de guerra para que o império possa fingir que ainda é uma potência global.

e quando um império está caindo, ele precisa de bodes expiatórios. roma culpava os cristãos, os estrangeiros, os filósofos. os estados unidos culpam a china, os imigrantes, os intelectuais, os professores, os jornalistas, os artistas, os cientistas, qualquer um que tenha o péssimo hábito de apontar que o império está ruindo. trump e seus seguidores criaram um mundo onde a verdade é inimiga do estado e onde qualquer um que questione a realidade é um traidor. é exatamente assim que impérios morrem: primeiro a verdade desaparece, depois as instituições falham, e então um dia, sem que ninguém perceba, não há mais império.

e a cultura? bem, roma no seu auge tinha virgil, cícero, séneca. no seu declínio? panfletos políticos baratos e uma elite que não produzia nada além de fofocas palacianas. os estados unidos? antes tinham hemingway, fitzgerald, steinbeck. agora têm influencers vendendo pílulas para perder peso e hollywood reciclando o mesmo filme de super-herói pela milésima vez. um império que para de produzir cultura original já está morto, só não foi oficialmente declarado ainda.

e então, como isso termina? roma levou séculos para cair, mas os estados unidos parecem determinados a acelerar o processo. talvez o império se desintegre, com estados como texas e califórnia declarando independência. talvez tentem uma última guerra para distrair o público, o que sempre foi uma estratégia popular entre impérios moribundos. ou talvez simplesmente afundem em um longo e entediante colapso, onde as instituições falham uma a uma até que um dia as pessoas percebam que o império já não existe mais.

mas uma coisa é certa: o império americano não vai durar para sempre. nenhum império dura. e quando finalmente cair, não será um momento dramático e grandioso. será um colapso lento e patético, cheio de discursos vazios, de decisões estúpidas, de crises evitáveis que ninguém quis evitar. um dia, turistas irão a washington e visitarão as ruínas do capitólio, tirando selfies e se perguntando como um império tão poderoso conseguiu se destruir tão completamente.

e, assim como roma, os eua um dia serão apenas uma lembrança, uma lição para as próximas civilizações que surgirem. mas a verdade é que ninguém aprende. porque todo império acha que é eterno, até o dia em que não é mais.