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2024

minha pasta

se tem uma coisa que eu aprendi é que tudo que você carrega no dia a dia precisa trabalhar para você, e não contra você. e pastas? pastas são uma extensão do seu cérebro. escolha errado e você passará o resto da vida remexendo em compartimentos inúteis, tentando lembrar onde diabos colocou seu caderno, enquanto sua alça desfia, seu zíper emperra e seu orgulho escorre pelo ralo. escolha certo e sua pasta vira uma fortaleza portátil, um cofre de ideias, um bunker pessoal onde tudo que realmente importa está protegido e acessível.

então eu fiz a única coisa sensata. mandei fazer a minha. porque não confio minha vida a qualquer pedaço de tecido vagabundo produzido em massa para algum executivo genérico que acha que carregar um laptop e um carregador o torna interessante. minha pasta foi feita para mim, sob medida, do jeito que eu queria. sem firulas, sem compromissos com tendências idiotas de design, sem nada que eu não precisasse.

o material? resistente. brutalmente resistente. nada de couro reluzente de vendedor de carro usado. nada de lona frágil que parece robusta até o primeiro contato com a realidade. minha pasta precisava sobreviver a chuva, poeira, café derramado, e aos trancos e barrancos do dia a dia. então optei por um tecido impermeável, denso, que repele água, suor, e a mediocridade das pastas genéricas por aí. algo que não rasga, não desbota e não se entrega ao primeiro sinal de atrito.

o formato? funcional, sem frescura. odeio aquelas pastas duras que fazem você parecer um advogado de quinta categoria, carregando contratos de aluguel num bloco de concreto. mas também não queria algo molenga, que se desmancha no primeiro impacto. precisava ser estruturada o suficiente para proteger o que eu carregasse, mas flexível o bastante para se adaptar ao meu dia. nada de exageros, nada de rigidez excessiva. um equilíbrio perfeito entre firmeza e praticidade.

e os bolsos? pouquíssimos. porque bolsos demais são um convite ao caos. já vi pastas que pareciam mais um labirinto de compartimentos secretos do que algo funcional. divisórias inúteis, zíperes escondidos, compartimentos para cartões, canetas, fones, carregadores e, provavelmente, um esconderijo para a sua dignidade perdida no meio de tanta tralha. não, obrigado. minha pasta tem o essencial: um compartimento principal grande o suficiente para um caderno (porque se você não anda com um caderno, sinto muito, mas você não é confiável), um bolso interno para documentos que precisam permanecer intactos e um espaço discreto para aqueles pequenos objetos que não precisam estar à vista o tempo todo.

as alças? reforçadas. não queria aquele lixo costurado às pressas, que começa a desfiar depois de alguns meses de uso. nem aquelas tiras finas que cortam seu ombro como se estivessem te punindo por ter escolhido uma pasta ruim. minha alça precisava ser firme, bem costurada, forte o bastante para carregar tudo sem drama.

e o fecho? confiável. porque já vi pastas que transformam a simples ação de abrir e fechar num exercício de frustração. zíperes que travam, botões magnéticos que não seguram nada, velcro que solta fiapos nojentos com o tempo. não. minha pasta precisava de um fecho que fechasse de verdade. sem complicações, sem joguinhos. algo que mantivesse tudo seguro, mas sem exigir um curso de engenharia toda vez que eu precisasse pegar alguma coisa.

o tamanho? suficiente para carregar o que importa, nada além disso. porque a regra é simples: quanto mais espaço você tem, mais porcaria você carrega. e eu não queria uma mala disfarçada de pasta. eu precisava de algo compacto, eficiente, que comportasse exatamente o necessário. nada de exageros, nada de excesso de bagagem emocional ou material.

a cor? discreta, sóbria, sem brilho, sem efeitos ridículos. nada que parecesse um acessório de moda, nada que gritasse “olhem para mim”. porque boas coisas não precisam chamar atenção. boas coisas falam por si mesmas.

e quando finalmente ficou pronta, quando segurei minha pasta nas mãos e senti que ela tinha sido feita exatamente do jeito que eu queria, eu soube que tinha algo raro. algo que não foi desenhado para agradar o mercado ou seguir alguma tendência imbecil. minha pasta era um manifesto contra o consumismo idiota, contra a estética vazia, contra a enxurrada de produtos genéricos criados para quebrar e serem substituídos.

porque, no fim das contas, uma pasta não é só uma pasta. é um reflexo de quem a carrega. e eu queria carregar algo que fizesse sentido. algo que não pedisse desculpas por existir. algo que aguentasse qualquer tranco, porque a vida real não tem garantia estendida.