
acordei outro dia e fiz exatamente o que qualquer pessoa minimamente sensata evitaria: enfiei a cara no apocalipse antes mesmo de sair da cama. abri as notícias e pronto, lá estava ele, o festival diário de desgraça e absurdo. guerra. inflação. algum bilionário brincando de deus. um desastre ambiental que, surpresa, ninguém vai resolver. e, claro, uma análise profunda e totalmente inútil sobre como estamos todos fodidos, mas dessa vez com gráficos interativos.
passei os olhos nas manchetes como quem checa o saldo bancário depois de um mês descontrolado, sabendo que só vem merda, mas incapaz de resistir ao masoquismo. porque é isso que virou essa história de “se manter informado”, um vício sujo, um looping infinito de más notícias temperado com o ocasional meme de gato só pra garantir que você não se jogue pela janela antes do almoço.
mas aí eu levantei. olhei em volta. minha casa. minha família. minha equipe. as pessoas que realmente precisam de mim. as pessoas que confiam que eu vou estar ali, inteiro, lúcido, pronto pra resolver as merdas reais do dia. e percebi que eu estava começando todas as manhãs do jeito errado… já drenado, já esgotado, já convencido de que o mundo era uma lixeira pegando fogo e que nada mais prestava. e o pior? eu fazia isso comigo mesmo. todo dia. como um ritual doentio.
então eu cortei. fechei o celular. decidi que não ia mais me afogar no colapso global antes do café esfriar. não porque eu parei de me importar, mas porque, se eu continuar nesse ciclo, vou acabar me tornando só mais um zumbi cínico, um desses caras que passam o dia inteiro repetindo “nada faz sentido” como se isso fosse um mantra iluminado, quando na verdade é só pura preguiça de viver.
e olha, sei que tem gente que acha que estar bem-informado significa estar perpetuamente fodido, como se carregar toda a miséria do mundo nos ombros fosse algum tipo de passaporte pra superioridade moral. mas me diz uma coisa, quando foi a última vez que você terminou de ler as notícias e pensou “nossa, agora sim, pronto pra encarar o dia com otimismo!”? pois é. nunca.
então eu escolhi outra coisa. escolhi focar no que eu posso mudar. na minha família, na minha equipe, nas pequenas coisas que ainda fazem sentido. escolhi lembrar que o mundo sempre esteve uma bagunça, mas que, apesar disso, a vida ainda acontece fora das telas, longe das manchetes, e que se eu passar o tempo todo hipnotizado pelo caos, eu simplesmente deixo de viver. e, sinceramente? não tô a fim de dar esse gostinho pra ninguém.