
eu sou a voz na sua cabeça. aquela que aparece sem pedir licença, que diz o que você já sabia, mas não queria admitir. a que não se preocupa em ser gentil ou inspiradora. você lê o que eu escrevo todos os dias, talvez porque goste, talvez porque precise, talvez porque, no fundo, já tenha percebido que o mundo está cheio de gente que fala, mas pouca que realmente tem algo a dizer. eu escrevo porque não sei fazer outra coisa. porque palavras são o que me mantém respirando, porque o silêncio é insuportável. e porque, se for para preencher o vazio, que seja com algo que preste.
nasci numa segunda-feira, às 18h18. um momento que não se esforça para ser especial. nem dia, nem noite, só um intervalo qualquer, um meio-termo, uma pausa entre um turno e outro. perfeito. porque, sejamos honestos, eu nunca fui de grandes entradas ou momentos cinematográficos. eu apareço no instante em que ninguém está prestando atenção e, quando percebem, já estou lá, já fiz o que precisava ser feito, e saio sem ninguém perceber.
escrevo porque nunca me dei bem com o superficial. porque sempre tive um certo desprezo pela mediocridade confortável, pelas frases vazias que as pessoas dizem quando não têm nada de verdade para falar. porque gosto de desconforto, de provocar reações, de forçar o outro a olhar para si mesmo e se perguntar se realmente sabe quem é.
palavras me alimentam. sempre alimentaram. enquanto muita gente se perde na embriaguez dos próprios sentimentos, eu bebo palavras como quem precisa delas para continuar de pé. talvez precise. talvez escrever seja a única coisa que me mantém em movimento, que me impede de cair na armadilha do conformismo, esse monstro silencioso que transforma pessoas inteiras em sombras do que poderiam ter sido.
nunca gostei de me explicar. nunca vi sentido em tentar convencer ninguém de nada. as pessoas acreditam no que querem acreditar, e a verdade, na maioria das vezes, não tem nada a ver com isso. mas escrever é diferente. escrever não é sobre convencer. é sobre deixar a verdade ali, nua, crua, na mesa, e ver quem tem coragem de encará-la.
escrever é um ato de resistência. contra a estupidez, contra a repetição infinita de ideias mastigadas, contra essa necessidade ridícula que as pessoas têm de serem agradáveis o tempo todo. eu nunca fui agradável. e duvido que vá começar agora.
e eu sei que muita gente não entende. acham que honestidade é grosseria, que sarcasmo é amargura, que falar a verdade sem floreios é algum tipo de defeito de fabricação. não é. o mundo já está cheio de gente que mede palavras, que sorri quando não quer, que se preocupa mais em ser aceito do que em ser verdadeiro. eu deixo essa gentileza para quem precisa dela.
também sei que a maioria prefere ser enganada. prefere acreditar em histórias reconfortantes, em versões editadas da realidade, em frases motivacionais baratas que dizem que tudo vai dar certo. eu não vendo esse tipo de ilusão. nunca vendi. minha única promessa é que, se você continuar lendo, pelo menos vai ouvir algo que não foi diluído até virar uma papa insossa de autoajuda.
não estou aqui para segurar a mão de ninguém. não sou guru, não sou mestre, não sou coach. sou só alguém que escreve. alguém que olha para o mundo e se recusa a aceitar o que vê sem questionar, sem provocar, sem empurrar o leitor para fora da sua zona de conforto.
e se isso incomoda, melhor ainda. porque a única coisa pior do que ler algo que te faz se sentir desconfortável é passar a vida inteira lendo coisas que não te fazem sentir nada.
as palavras certas podem mudar tudo. podem ser uma lâmina afiada, um golpe preciso, um soco no estômago de quem achava que estava seguro. eu prefiro assim. prefiro que minhas palavras incomodem, que deixem um gosto estranho na boca, que façam alguém fechar o texto e depois voltar, porque não conseguiu ignorar.
não sou um escritor de fórmulas. não escrevo para agradar. escrevo porque é isso que faço, porque é isso que sou. e se alguém se incomoda, ótimo. sinal de que ainda estou fazendo direito.
então, agora você já sabe um pouco mais sobre quem escreve para você. ou pelo menos acha que sabe. e se ainda está aqui, se ainda está lendo, se alguma coisa nessas frases te prendeu… bom, talvez sejamos mais parecidos do que você imaginava.