
the brian jonestown massacre é a minha banda favorita de todos os tempos porque, ao contrário de praticamente todas as outras, nunca tentou ser minha banda favorita. nunca tentou me conquistar, nunca fez campanha para ser amada, nunca pediu minha atenção. na verdade, tenho certeza de que anton newcombe ficaria levemente irritado em saber que eu gosto tanto assim da banda dele.
e talvez seja exatamente por isso que eu goste tanto. porque, enquanto outras bandas fazem de tudo para serem acessíveis, amigáveis, facilmente digeríveis… projetadas para caber perfeitamente no fundo de uma playlist chamada indie vibes para estudar, o bjm continua sendo um organismo próprio, um culto musical que nunca tentou recrutar ninguém. se você encontrou, ótimo. se não encontrou, azar o seu. eles não estão esperando por você.
e, claro, a música. porque se fosse só pose, só atitude “rebelde” vazia, não passaria de uma nota de rodapé na história do rock alternativo. mas não. methodrone é um portal para outro universo, um disco que soa como se alguém tivesse sequestrado o my bloody valentine e os forçado a tocar num porão esfumaçado por 72 horas sem descanso. take it from the man! é um tapa na cara da ideia de que o rock precisa evoluir para sobreviver… ele não precisa, ele só precisa de gente que ainda o toque como se fosse a única coisa que importa. e their satanic majesties’ second request é pura devoção ao caos sonoro, uma tapeçaria psicodélica que não pede sua atenção, mas exige sua entrega total.
o brian jonestown massacre me faz sentir que estou ouvindo algo real. algo que não foi projetado por um comitê de marketing, algo que não foi polido até perder sua alma. num mundo onde a música virou trilha sonora descartável para vídeos de receita no instagram, o bjm ainda soa como uma experiência. um lugar perigoso, caótico, imprevisível.
brian jonestown massacre não pede permissão para existir, não faz concessões, não tenta te seduzir com refrões fáceis ou letras que soam como legendas prontas para posts melancólicos. anton newcombe não quer ser seu amigo. ele não quer sua gratidão, seu carinho ou seu reconhecimento. ele só quer que você saia do caminho enquanto ele faz o que tem que fazer. e eu respeito isso profundamente.
porque sejamos honestos, a música morreu um pouco quando as bandas começaram a perguntar o que o público queria ouvir. quando começaram a planejar lançamentos baseados em métricas e tendências. quando pararam de fazer discos que soam como experiências e passaram a fabricar trilhas sonoras para supermercados descolados e cafeterias minimalistas. mas o bjm? o bjm nunca se preocupou com isso. eles fazem discos porque precisam fazer discos. fazem turnês porque precisam tocar. e, se ninguém aparecer, tudo bem, eles já tocaram para plateias vazias antes. e vão tocar de novo.
e é esse descaso absoluto com qualquer noção de sucesso tradicional que torna a música deles tão magnética. ouça give it back! e me diga se aquilo soa como uma banda que está tentando te agradar. não, soa como uma gangue de desajustados que encontrou uma maneira de canalizar sua energia para algo que não envolvesse brigas de bar e pequenas infrações criminais. e talvez seja isso que me prenda tanto. porque não é um som seguro. não é um som feito para “acompanhamento”. é um som que te exige, que te arrasta para dentro dele, que te força a prestar atenção.
o brian jonestown massacre é um lembrete incômodo de que a música, quando feita por pessoas que realmente acreditam nela, pode ser feia, pode ser difícil, pode ser desconfortável. e, acima de tudo, pode ser absolutamente viciante. e eu preciso disso. preciso de uma banda que não me trate como consumidor, mas como cúmplice. uma banda que me faça sentir como se estivesse descobrindo um segredo sujo, algo que não era para ser encontrado.
e no dia em que anton newcombe decidir que acabou, que não vai mais gravar nada, que vai sumir do mapa e viver de vinho barato e ressentimento em algum canto obscuro da europa, eu vou respeitar isso também. porque nunca foi sobre mim. nunca foi sobre os fãs. nunca foi sobre nada além da música. e é por isso que o brian jonestown massacre é, e sempre será, minha banda favorita de todos os tempos.